O que “provoca” a vocação missionária?

10 de junho de 2020
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A “pró-vocação” é decisiva na animação missionária da comunidade cristã, porque ela “tenta”, convida e seduz. A realidade da missão é uma forte pró-vocação que apaixona e chama.

Por Cristhian Alarcón, IMC *

A própria missão contém “pró-vocações”, as produz e as semeia no coração das pessoas. Mas devemos levar em conta que dos sete bilhões de pessoas que vivemos no planeta, quatro bilhões não conhecem Jesus. Este dado revela que o mandato missionário do Evangelho, “ir ao mundo e anunciá-lo”, está apenas numa fase intermediária e que resta muito que fazer como Igreja, para você e para mim, a favor da missão.

Apresentamos dez “pró-vocações” da missão, para que você possa se animar a seguir este caminho:

A realidade da missão 

Tudo na missão deve ser entendido: fronteiras, rios, territórios densos cheios de florestas e belos panoramas, favelas e povoados que sofrem, muitas vezes, pela agressão humana. Na realidade da missão encontramos termos importantes, como: interculturalidade, diálogo inter-religioso, a luta pela justiça, a militância em favor do bem comum e organização comunitária. Também na realidade da missão estão os pobres e a sua realidade, os seus desejos e as suas espiritualidades.

Os missionários e missionárias

São uma pró-vocação muito grande e bela: suas vidas, seus testemunhos e suas obras; mulheres e homens de várias idades que pregam e cantam, que servem e ensinam; dialogam, constroem, acompanham e, sobretudo, têm compaixão da situação do povo onde vão em missão; aprendem idiomas, conhecem culturas, têm um coração amplo e uma visão universal; são alegres, sabem rezar, suas humanidades são simples e pobres, com paciência e ao ritmo do caminho do povo acompanham sua fé e a compartilham.

Eles motivam muitos a optar por este estilo de vida, suas vozes, suas obras, suas ações são grandes pró-vocações missionárias que penetram no coração dos jovens.

A pastoral missionária

Esta é a tarefa dos missionários: suas pedagogias e metodologias para semear o Reino de Deus entre os povos e culturas, sua dinâmica evangelizadora, suas relações interpessoais cheias de bondade e testemunho. A pastoral missionária provoca a participação.

A espiritualidade missionária

É a vida do Espírito que o missionário leva dentro de si e vive na comunidade onde evangeliza. Esta espiritualidade faz dele uma pessoa madura, sábia e bondosa. Esta espiritualidade é o que lhe permite ter uma palavra de valor e profética. A sua vida no Espírito lhe permite ter alegria, energia, iniciativa e criatividade. Aqui está uma forte pró-vocação missionária: a vida no Espírito dos missionários.

Sair: “a saída missionária”

Colocar-se em atitude de saída missionária, como diz o Papa Francisco, é sentir a alegria de evangelizar. A saída missionária é uma pró-vocação de primeira ordem, porque desafia, exige risco e generosidade. Sair como uma pró-vocação missionária faz-me olhar para a realidade, descobrindo que há outros que precisam dela e que esses outros são a minha alegria.

A alegria da missão

Nada mais aborrecedor que as coisas que não tem sentido nem vida. A alegria da missão é uma grande pró-vocação missionária no coração dos jovens e uma forte motivação vocacional: diria a mais latente na minha vocação. A alegria da missão é pró-vocação porque é fortalecida pela vida comunitária, que contrasta com o individualismo cada vez mais se implanta na nossa sociedade.  

Estabelecer o Reino de Deus onde há dor e necessidade

O reinado de Deus é a única possibilidade de salvação que o planeta tem de ser Casa Comum e a humanidade para ser família. O missionário é um porta-voz do Reino de Deus e da sua proposta de partir o pão, de viver o perdão e a reconciliação, de reconhecer Deus como Pai-Mãe e o outro como irmão. Jesus é o verdadeiro promotor dessa pró-vocação: Ele chama, convoca e envia.

Caminhar e estar com Jesus no meio do povo

Estar no meio do povo, conhecer Jesus e caminhar com ele… Essa é a grandeza da missão! A missão é uma possibilidade real de encontrá-Lo e de ter contato pessoal com Ele. Neste sentido, nós missionários somos privilegiados e é precisamente por isso que a Missão em si é uma provocação: porque nela se pode seguir concretamente Jesus e sentir na alma o que significa e implica ser missionário.

O encontro com os povos e suas culturas

Viver na cultura do outro, entrar em diálogo intercultural, esforçar-se por compreender o seu idioma, o seu modo de ser, as suas particularidades e partir o pão com eles é ver como Jesus se incultura e como a sua Boa Nova se encarna nos povos. Sem dúvida, a inculturação é uma pró-vocação missionária para aqueles que têm a oportunidade de ir e descobrir esta dinâmica, porque nos coloca em comunicação e em convivência com os povos.

Dar a sua vida para ganhá-la

Quando estamos com os missionários anciãos, aqueles que deram a vida na missão, não podemos deixar de sentir admiração pelo que eles têm na alma: a grande alegria que a missão produz, o conhecimento de que gastou a vida buscando o bem dos outros e depois de tantos anos está com a satisfação de ter feito o que produzia felicidade.

O sangue dos mártires é uma pura vocação pró-missionária porque nos ensina que não há ação mais bela do que dar a própria vida como Jesus nos ensinou. A missão é gastar a vida para ganhá-la.

*Cristhian Alarcón, IMC, estudante de Teologia em Roma.

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