Grupo de antigos alunos do Seminário “Nossa Senhora de Fátima” de Três de Maio (RS) realizam encontro, no dia 6 de janeiro, para celebrar a fraternidade e recordar a formação recebida.
Por Jaime C. Patias *
A programação do evento que reuniu mais de 60 pessoas incluiu missa, confraternização e partilha sobre o tempo de seminário. Durante a missa celebrada na Paróquia Santa Rosa de Lima em Independência, Padre Jaime C. Patias, Conselheiro Geral para América recordou a história dos Missionários da Consolata no Brasil e como chegaram ao Rio Grande do Sul.
Fundado pelo Bem-Aventurado José Allamano em Turim na Itália, a 29 de janeiro de 1901, o Instituto Missões Consolata chegou no Brasil com o Padre João Batista Bísio, no dia 17 de fevereiro de 1937, (86 anos) para concluir as obras de construção do Santuário Santa Terezinha e assumir a Paróquia de São Manuel, no interior de São Paulo. Padre Bísio faleceu em 17 de maio de 1947 e foi sepultado no interior desse Santuário.
Em 1939, Dom Pio de Freitas, bispo de Joinville (SC), convida os Missionários da Consolata assumem a paróquia “Nossa Senhora Auxiliadora” em Rio do Oeste (SC) onde chegam em 1940 e logo abrem o seminário “São Francisco Xavier”, com 16 alunos. Ali constroem também o Santuário de “Nossa Senhora Consolata”. A presença se expandiu para outras cidades catarinenses como Pouso Redondo, Rio do Campo e Garuva.
Em outubro de 1946 o Instituto fixou-se no bairro Jardim São Bento, zona norte da Capital de São Paulo onde nos anos sucessivos assumiu paróquias e obras no Imirim, São José Operário, Parque Peruche, São Roque e Morrinho. A sede do IMC foi transferida de São Manuel para a Capital paulista em 1948.
Em 1948 o Instituto resolveu assumir a missão na Prelazia do Rio Branco em Roraima, no norte do Brasil, substituindo a Ordem Beneditina.
Assim, no final de 1950, o IMC no Brasil, já contava com 70 missionários, todos provenientes da Itália.
E no Rio Grande do Sul?
Os Missionários da Consolata chegaram em Erechim com o Pe. Afonso Durigon em 1947, como “coadjutor” da paróquia “São José”, a única da cidade. No ano seguinte ele transferiu-se para o bairro Três Vendas, para tomar conta da capela “Nossa Senhora da Salete” constituída paróquia a 8 de dezembro de 1954 e confiada ao Instituto até fevereiro de 2000. O Seminário “São José” em Erechim foi aberto em 1948. Com a construção da nova sede passou a chamar-se “Seminário Nossa Senhora Consolata”; encerrou suas atividades em 1998.
Além disso, em 1947 o Padre Emílio Montin chegou para prestar ajuda, durante alguns meses, ao pároco de Tucunduva (RS).
Em Três de Maio, os Missionários da Consolata iniciaram suas atividades em 1948, como “coadjutores” na paróquia “Nossa Senhora da Conceição”, e como professores nos Ginásios “Dom Hermeto José Pinheiro” e “Pio XII”.
No dia 1º de janeiro de 1949, o bispo de Uruguaiana (RS), Dom José Newton de Almeida Batista, confiou ao IMC a paróquia “Nossa Senhora da Conceição” e a direção do Ginásio “Pio XII”, com fiscalização do Estado. Com isso, a partir de 1948 e nos anos seguintes, o Instituto enviou para Três de Maio os padres Emílio Montin, Antônio Ronchi, João Garbolino, José Zintu, Carlos Cremonesi, Vicente Rampino, Lívio Gabrielli, José Radici e Orestes Ghibaudo…
O Ginásio “Pio XII” foi criado em 1948. Em 1963 passou a chamar-se “Colégio Estadual Cardeal Pacelli”.
Entre os anos 1948 e 1986, no “Colégio Estadual Cardeal Pacelli” trabalharam sucessivamente como Diretores os padres João Garbolino, José Zintu, Silvano Sabatini e Orestes Ghibaudo, que se transferiu para Brasília (DF). Em razão do programa de reestruturação das obras do Instituto e requalificação do pessoal, os Missionários da Consolata deixaram a região de Três de Maio em janeiro de 1986.
Seminário Nossa Senhora de Fátima
A autorização para abrir o seminário “Nossa Senhora de Fátima”, em Três de Maio, foi dada ao IMC pelo bispo de Uruguaiana (RS), Dom José Newton Batista de Almeida, no dia 11 de abril de 1956. Os trabalhos de construção com a participação das famílias locais começaram em 1957 e sua inauguração deu-se a 12 de fevereiro de 1961, com a presença do novo bispo de Uruguaiana, Dom Luís Filipe De Nadal, e do Governador do Estado, Dr. Leonel de Moura Brizolla. O seminário abrangia todas as séries do curso ginasial. Em 1986 encerrou suas atividades.
No Rio Grande do Sul, o Instituto também assumiu, entre 1952 e 1964, a paróquia “São Francisco de Assis”, no município homônimo; e por breve tempo, a Paróquia “Nossa Senhora do Rosário”, em Horizontina, sendo devolvida à diocese em 1964.
Paróquia Santa Rosa de Lima em Independência
Criada em 1972, a paróquia Santa Rosa de Lima, que acolheu o encontro dos Amigos, foi confiada aos Missionários da Consolata que a dirigiram durante 12 anos. No final de 1984 a paróquia foi devolvida à diocese de Santo Ângelo e assumida pelos padres Dehonianos que permaneceram até 2014. A festa dos 50 anos da criação da Paróquia aconteceu em 21 de agosto 2022, com missa presidida pelo Bispo de Santo Ângelo, Dom LiroV. Meurer.
Os padres da Consolata que trabalharam em Independência foram: Pe. Emanuelle Gavosto, (primeiro Pároco), Pe. Waldemar Zapellini, depois o Pe. José Valle, Pe. Geraldo Deretti, Pe. Alberto Agostini juntamente com os padres do Seminário de Três de Maio, o Pe. João Pedro Canossi e, novamente, Pe. Emanuelle Gavosto…
A permanência do IMC no Estado do Rio Grande do Sul foi de 53 anos (1947 a 2000).
As Irmãs Missionárias da Consolata (MC), também estiveram presentes neste Estado por vários anos onde fizeram história. A Irmã Lurdes Bonapaz que é natural de Independência e trabalhou na Libéria e Guiné Bissau, também participou da missa no encontro dos Amigos da Consolata e saudou os participantes.
Além de São Paulo, Santa Catarina e Rio grande do Sul, o Instituto fez história também com presenças nos estados do Paraná, Rio de Janeiro, no Distrito Federal, na Bahia, Amazonas e Roraima.
Hoje a maior força missionária vem da África e a missão se concentra nas periferias das grandes cidades, na pastoral Afro e na Amazônia com a opção pelos povos indígenas.
O Instituto está presente nas dioceses de Bonfim, Botucatú, Brasília, Cascavel, Curitiba, Feira de Santana, Manaus, Nova Iguaçu, Roraima e São Paulo. Tem casas de formação em Curitiba, São Paulo e Manaus. Trabalham no Brasil 57 padres, 4 irmãos, 2 bispos e 3 diáconos. Os estudantes na filosofia são 3, noviços 3 e professos (teologia) 18, todos vindos de fora.
Sementes lançadas em terra boa
Nesse meio século de presença muitos padres e irmãos IMC viveram a missão nas terras férteis do Rio Grande. Enviados por Deus, com fé e esperança, marcaram a vida de famílias e comunidades, lançando nos corações as sementes do Evangelho que ao longo dos anos germinaram e ainda hoje seguem dando frutos na sociedade.
Além da pastoral nas paróquias e da promoção humana nas obras sociais, centenas de adolescentes e jovens estudaram e foram formados nos colégios e seminários de Três de Maio e Erechim. 13 seminaristas foram ordenados padres.
Padres da Consolata formados no Seminário de Três de Maio
Sérgio Weber (1975), Nelson Sinigalia (1978), Etelvino Balsan (1979), Osmar Zucatto (1979), Cláudio Cobalchini (1981), Rosalino Dall’Agnese (1981), Aquileo Fiorentini (1982) (Conselheiro 1999 e depois Superior Geral 2005-2011), Elio Rama (1984) e Bispo de Pinheiro-MA – 2012), Luiz Balsan (1984), Ivanilson Brun (1985), Mário de Carli (1985), José Tolfo (1992) e Jaime C. Patias (1993).
Outros Missionários da Consolata do RS
Sabino Mariga (1971) falecido, Luiz C. Emer (1987), Laurindo Lazaretti (1995), Irmão Ayres Osmarim (1995), Arlei Pivetta (2001) e Sandro Dalanora (2006).
Quis Deus que também nós fizéssemos parte dessa história feita de generosidade e amor em prol da evangelização e da promoção humana, características do carisma herdado do Bem-aventurado Fundador, José Allamano. Todos recebemos os valores necessários para complementar a educação recebida do berço e poder encarar os desafios da vida nas mais diversas profissões.
Pode ter havido algumas limitações, mas em geral, o que temos e somos hoje tem a inquestionável contribuição dos Missionários da Consolata.
* Padre Jaime C. Patias, IMC, é Conselheiro Geral para América.