Diocese de Manzini no Reino de eSwatini, sul da África, doa aparelhos de rádio para apoiar famílias necessitadas no combate à Covid-19. “Nunca pensei que um simples aparelho de rádio fosse tão necessário para os mais vulneráveis no nosso país”
Por Jaime C. Patias *
Diante da pandemia de Convid-19 que causa perdas e sofrimentos em todo o mundo, a Igreja é desafiada a ser criativa em sua ação evangelizadora. Muitas são as iniciativas implementadas pelas dioceses, paróquias e comunidades, congregações religiosas, grupos e instituições. É louvável também a solidariedade de muitos cristãos que na simplicidade, mas com muito amor e generosidade vivem a caridade.
A diocese de Manzini no Reino de eSwatini (antiga Suazilândia), tem mostrado sua capacidade em identificar rapidamente possíveis formas de responder às necessidades geradas pela Covid-19. É o que explica o seu bispo, o missionário da Consolata argentino de Buenos Aires, dom José Luis Gerardo Ponce de León, 59 anos. “No início deste ano, escrevendo sobre o nosso Ano Missionário Extraordinário (2019 – 2020), recordei à nossa diocese que a Covid-19 não mudou o nosso compromisso missionário. Foi o contexto que mudou. Agora, somos chamados a sermos missionários no meio de uma pandemia. Não há respostas prontas, pois estamos diante de algo que nunca experimentamos antes”, destaca dom Ponde de León em artigo publicado em seu blog (bhubesi.blogspot.com).
Terra dos Suazi
No aniversário de 50 anos de independência da Suazilândia do domínio britânico, em abril de 2018, o rei Mswati III anunciou que o país passaria a se chamar eSwatini, que significa “Terra dos Suazi”. Localizado no sul do continente africano e com uma área de apenas 17.364 km2, o país é limitado a leste por Moçambique e em todas as outras direções pela África do Sul, sem saída para o mar. Tem como capitais, Lobemba e Mbabane e uma única diocese, Manzini.
A população é de 1.144.000 habitantes, dos quais 59.000 católicos, ou seja, 5,2% da população, segundo as estatísticas da Santa Sé. Até agora, o país teve 4.936 casos positivos para Covid-19 com 97 mortes. 4.077 se recuperaram e 762 estão em tratamento (dados em 10 de setembro 2020).
Ainda segundo dom José Luis, antes mesmo do coronavírus chegar em eSwatini, a diocese já começou a elaborar um plano para responder às necessidades da população. Pensaram logo em providenciar equipamento de proteção pessoal especialmente para trabalhadores da saúde e alimentação para famílias mais pobres.
Distribuição de aparelhos de rádio
Quando a diocese ficou sabendo que a Conferência Episcopal Italiana (CEI) disponibilizava fundos para países da África, começaram a identificar o que poderiam fazer a mais. Dom José Luis revela que ficou surpreso quando alguém sugeriu a compra de aparelhos de rádio. “Qual a necessidade de fornecer rádios às famílias?” perguntou o bispo. “O governo tem feito um excelente trabalho de sensibilização através dos diferentes meios de comunicação, tanto em siswati (língua local) como em inglês, mas se as pessoas não tiveram acesso a esses meios de comunicação, a mensagem não lhes chegará”, argumentaram.
Com essa informação, os jovens fizeram visitas às famílias para falar sobre a Covid-19 e verificaram que, de fato, algumas não dispunham de um aparelho de rádio. “Como o nosso projeto visava os mais vulneráveis, era essencial descobrir se as informações do governo estavam chegando até eles. A juventude não demorou muito para fazer uma lista de famílias que precisavam de rádio. No mês de julho conseguimos fornecer mais de 500 aparelhos em diferentes ares do país, a partir da Paróquia São Phillip”.
Presentes de Deus
No dia da entrega dos aparelhos para as famílias, o bispo motivou: “estes rádios são especiais porque devem ser vistos como um presente de Deus nestes tempos difíceis. Devem, portanto, serem tratados como tal. As bênçãos de Deus ocupam sempre um lugar especial nas nossas vidas”, disse. “Embora agradeçamos a Deus com palavras, a melhor forma de mostrar o quanto estamos gratos é pela forma como recebemos e cuidamos das bênçãos de Deus. Não permitam que os vossos netos ou filhos lhes tirem esses presentes para irem ouvir as suas músicas”, falou o bispo em tom de brincadeira.
Na verdade, esses aparelhos também acabaram ajudando as crianças e jovens que não podiam ir à escola a acompanhar de casa, as aulas oferecidas pelo Ministério da Educação.
“Nunca pensei que um simples aparelho de rádio fosse tão necessário para os mais vulneráveis no nosso país e estou grato à pessoa que foi capaz de pensar de forma criativa ao procurar ajudar as famílias a se protegeram contra o coronavírus”, conclui Dom José Luis.
* Jaime C. Patias, IMC, é Conselheiro Geral para América. Com informações do Blog: bhubesi.blogspot.com
