24 de março: Santo Óscar Romero, bispo e mártir

O arcebispo, assassinado quando celebrava a Missa, foi beatificado em 23 de maio de 2015 e canonizado pelo Papa Francisco em 14 de outubro de 2018 juntamente com o Papa Paulo VI e outros três bem-aventurados. Celebramos hoje o Dia de Oração e Jejum em memória dos missionários mártires

Por Jaime C. Patias *

Óscar Romero, nasceu em El Salvador, em 1917, foi ordenado sacerdote em 1942 e em 1977, Paulo VI designa-o arcebispo de San Salvador, no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas. O assassinado do padre jesuíta Rutílio Grande, é considerado o momento da ‘conversão’ de Romero, que passa então a denunciar a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e econômicos, apoiada pelos EUA.

A vida deste discípulo missionário de Jesus Cristo estava marcada pela sua fidelidade incondicional ao Evangelho. Como homem da Igreja, tornou-se o grande anunciador da fé e o admirável mestre da verdade. Suas homilias, pregadas com simplicidade e muita unção, fundamentadas na Sagrada Escritura e no Magistério da Igreja, fortalecia, encorajava o povo em sua esperança e denunciava com bravura as injustiças cometidas contra sua gente. Seu testemunho vivo fez a Igreja do El Salvador, da América Latina e de todo o Mundo compreender que o Cristianismo é de fato salvífico, significativo para as pessoas, quando tem presente suas vidas, suas dores, seus sofrimentos e, sobretudo, suas esperanças.

Arte: Alex Serpas de El Salvador para a Semana Romero

Na homilia do Sábado de Aleluia, (1979), Romero afirmava: “Graças a Deus, temos páginas do martírio não somente na história do passado, como também na hora presente. Há sacerdotes, religiosos, catequistas, homens humildes do campo assassinados (…), foram perseguidos por serem fiéis ao único Deus e Senhor”. E acrescentava: “Tenho sido frequentemente ameaçado de morte. Devo dizer-lhes que como cristão não creio na morte sem ressurreição. Se me matam, ressuscitarei no meu povo salvadorenho. Como pastor, estou obrigado a dar a vida por quem amo, que são todos os salvadorenhos, como também aqueles que vão me matar. Se chegarem a cumprir as ameaças, desde agora ofereço a Deus meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador”.

Dom Óscar Romero foi assassinado enquanto celebrava missa, em 24 de março de 1980, por defender os pobres. Foi morto “por ódio à fé” a mando da junta militar que dominava o país.

Um dia para recordar os missionários mártires

Desde 1993, o dia 24 de março foi escolhido pelo então Movimento juvenil missionário das Pontifícias Obras Missionárias da Itália para celebrar anualmente o “Dia de oração e jejum em memória dos missionários mártires”.

No ano 2021, segundo informações recolhidas pela Agência Fides, 22 missionários e missionárias foram mortos no mundo: 13 sacerdotes, 1 religioso, 2 religiosas e 6 leigos. O maior número foi na África, onde 7 padres, 2 religiosas e 2 leigos foram mortos (11). Segue-se América, com 7 sacerdote, 1 religioso e 2 leigos assassinados (10). Na Ásia foram mortos 1 padre e 2 leigos. Na Europa 1 sacerdote. Nos últimos 20 anos, de 2000 a 2020, 536 agentes pastorais foram mortos no mundo, incluindo 5 bispos.

Para celebrar o 30º Dia de Oração e Jejum em memória dos missionários e missionárias mártires, foi escolhido o slogan “”Eles não podiam deixar de testemunhar”.

Estes novos mártires da Igreja, testemunhas da fé, “não eram vistos pelas suas obras ou compromissos notáveis”, como explica Giovanni Rocca, secretário nacional da Missio Giovani, num dos vídeos feitos por “Luci nel Mondo” para a Fundação CEI. Eles estavam simplesmente professando sua fé “em contextos de degradação social e moral”, diz Rocca no vídeo “Eles não podiam deixar de testemunhar”, “onde o abuso do mais forte sobre o mais fraco é a regra de comportamento”.

Estes missionários e missionárias desejavam partilhar a sua vida quotidiana com os seus irmãos e irmãs.

Por exemplo, Alfred Ludo e Patrick Bo Reh, adolescentes católicos que levavam alimentos e ajuda humanitária a pessoas internamente deslocadas em Demoso, Estado de Kayah em Mianmar. Os dois jovens estavam em um protesto não violento contra a junta militar que tomou o poder naquele país asiático num golpe de estado. Foram mortos a tiro pelos militares porque estavam ajudando os necessitados durante o toque de recolher.

Santo Óscar Romero nos recorda que, a opção da Igreja pelos pobres e injustiçados não é uma questão secundária, mas está na essência da identidade cristã, do seguimento de Jesus, do verdadeiro sentido da missão.

* Padre Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América.

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