O Secretariado de Pastoral Afro-americana e Caribenha (SEPAC) é uma organização eclesial de coordenação, enlace, assessoria e animação a serviço da Pastoral Afro e dos Encontros de Pastoral Afro-americana (EPAs).
Por Venanzio Mwangi Munyiri *
A população afro na América Latina e Caribe corresponde a um terço da população total. São mais de 150 milhões e se caracterizam pela diversidade étnica e cultural, o que não significa fragmentação, mas uma unidade complexa unificada por um conjunto de elementos diversos, com uma história compartilhada e uma origem comum. As múltiplas e complexas formas de resistência étnica e cultural em nosso continente contrárias à avalanche “globalizadora” de signos homogeneizadores e das políticas neoliberais que negam o nacional sobretudo quando ele tem um caráter popular. Este é um desafio para a Igreja no continente e portanto, a preocupação número um do Secretariado de Pastoral Afro-americana e Caribenha (SEPAC).
Desde 2015, a ONU lançou o Decênio Internacional da Afrodescendência com a intenção de “promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais dos afrodescendentes, como está reconhecido na Declaração Universal dos Direitos Humanos” , mas também para “promover um maior conhecimento e respeito pela diversidade da herança e cultura dos povos afrodescendentes e de sua contribuição no desenvolvimento das sociedades” e “aprovar e fortalecer marcos jurídicos regionais, nacionais e internacionais”.
Novo Kairós
Os afro-americanos e caribenhos vivemos um “novo Kairós” na Igreja e na sociedade, pois as Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano e do Caribe transformaram a promoção da cultura em um aspecto importante da evangelização. A III Conferência do CELAM, em Puebla (1979), reconhecia, entre os crucificados da história, os “rostos de indígenas e com frequência dos afro-americanos, que, vivendo marginalizados e em situação desumana, podem ser considerados como os mais pobres entre os pobres. (cfr. DP 31-38).
Diante das diferentes problemáticas padecidas por essa população, a V Conferência do CELAM reunida em Aparecida (2007), dedicou um espaço importante à reflexão sobre a realidade social da América Latina e do Caribe, como tarefa dos discípulos missionários de Jesus Cristo. Efetivamente, o Evangelho nos conduz ao comprometimento no desenvolvimento integral dos povos, “para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jn 10,10)” (cfr. DA 33).
De acordo com o Documento de Aparecida, os afrodescendentes são “outros” e “diferentes” que exigem respeito e reconhecimento, ainda que a sociedade tenda a menosprezá-los, desconhecendo suas diferenças. Com a irrupção na sociedade de novos atores, como são os afro-americanos, a democracia participativa está sendo fortalecida, e conscientizada do poder que detém em suas mãos e da possibilidade de gerar mudanças importantes. Os afro-americanos contam com comunidades bastante vivas que contribuem e participam ativamente e criativamente na construção deste continente. A história dos afro-americanos está atravessada pela exclusão, social, econômica, política e sobretudo, racial. Na atualidade, os afro-americanos e os indígenas, seguem ameaçados em sua existência física, cultural e espiritual e suas comunidades não são tratadas com dignidade e igualdade de condições e não possuem as mesmas oportunidades de progresso, por isso a Igreja os acompanha em suas lutas pelos seus legítimos direitos. (cfr. DA. 88-89).
É vital para a Igreja sair e anunciar o Evangelho para todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem nojo e sem medo. Continuar assumindo a opção preferencial pelos pobres para que juntos: bispos, presbíteros, religiosos, religiosas, agentes de pastoral afro, sigam apostando na Pastoral Afro no continente latino-americano e caribenho para que nossos povos tenham vida em Jesus Cristo.
SEPAC
O SEPAC é uma organização eclesial de coordenação, enlace, assessoria e animação a serviço da Pastoral Afro e dos Encontros de Pastoral Afro-americana (EPAs).
Sua visão é coordenar, acompanhar, apoiar, sistematizar e animar o processo da Pastoral Afro-americana e Caribenha seguindo a linha do Magistério da Igreja latino-americana e o caminhar dos EPAS, articulado com o Departamento de Ccultura e Educação do CELAM.
Sua missão é conhecer, animar, articular e acompanhar a Missão Continental da Igreja no anúncio do Reino de Deus com o povo afro-americano e caribenho, visando que eles, a partir de sua identidade cultural e da fé cristã, possam descobrir sua dignidade de filhos e filhas de Deus, em contextos de interculturalidade e pluralismo religioso.
* Venanzio Mwangi Munyiri, imc, coordenador da Pastoral Afro de Cali, Colômbia.