Paixão do Senhor: foi condenado e morto, mas ressuscitou

O relato da paixão e morte de Jesus é núcleo central do querigma cristão. Jesus é Messias, Filho de Deus que se fez carne, realizou sinais e prodígios, foi condenado e morto, mas ressuscitou.

Por Jaime C. Patias *

Começando com a celebração da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, passando pela sua paixão e morte, na Sexta-feira Santa, o Tríduo Pascal tem o seu ponto alto na passagem do sábado para o domingo com a celebração da vitória da vida sobre a morte na pessoa de Jesus, sua páscoa e ressurreição.

A missão do Messias Salvador consistiu em realizar a vontade de Deus, amando a humanidade até o extremo. Seus posicionamentos não agradaram às instituições de poder. Foi perseguido, preso, julgado e condenado à morte. Injustamente, mataram o Justo (Jo 18,1-19, 42).

Em um jardim se desencadeia o processo da paixão de Jesus. Também num jardim ele será crucificado e sepultado. O jardim é lugar simbólico. Lembra o paraíso terrestre. Lugar de beleza e fecundidade.

Procuram Jesus à noite. As trevas, no Evangelho de João, têm um significado especial: em oposição à luz, simbolizam o mal. Pedro revela muita dificuldade de entender a proposta de Jesus. Jesus, porém, vai por outro caminho: a vitória da vida não se dá pelo confronto e pela violência, mas pela obediência ao amor a Deus e ao próximo, também aos inimigos.

Em sua missão, Jesus o Servo sofredor, assumiu a condição humana, foi incompreendido e desprezado, perseguido e condenado; “como cordeiro, foi levado ao matadouro”, porém, não usou de vingança nem de violência nenhuma. Carregou nossas dores e expiou nossas faltas. Foi obediente ao Pai até o fim e tornou-se “o caminho, a verdade e a vida”.

“Ele me amou e se entregou por mim”

O Bem-aventurado José Allamano dizia: “se há pessoas que devem pensar na Paixão de Jesus, são os missionários e missionárias. Para vocês, esta deve ser uma devoção principal. Meditemos sobre a Paixão do Senhor e o nosso coração, se não for de pedra, se comoverá”, insistia o Fundador.

“Jesus sofreu por cada um de nós como se estivéssemos sozinhos: ‘Ele me amou e se entregou por mim’ (Gal 2,20). Aqueles que refletem que Jesus foi trespassado por nossos pecados devem se arrepender e reparar seus pecados com penitência. Unamos nossas tristezas, nossos sofrimentos às tristezas de Jesus (…). Tudo isso significa que devemos fazer nossa a Paixão do Senhor, ou seja, cuidar para que ela esteja sempre fixa em nossa mente, em nosso coração, em nosso corpo, em nosso espírito” (CVV 69).

Para Allamano, “a meditação sobre a Paixão do Senhor vos fará compreender o seu ‘eu tenho sede’ (Jo 19,28) e acenderá em vós um ardor missionário”. E acrescenta que, não é suficiente carregar o Crucifixo, mas é necessário imitá-lo. “O Senhor vos disse: ‘ Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me ‘ (Mt 16,24). São Paulo exclamou: ‘Fui crucificado com Cristo’ (Gl 2,19). Isto é o que significa ser amantes da Cruz”! (CVV, 70)

Paixão em tempo de pandemia

Hoje, o caminho da “via sacra” até a morte de cruz é a síntese de todo o sofrimento humano assumido por Jesus como gesto de extrema solidariedade. Todos os crucificados deste mundo, em especial os feridos pelo flagelo do coronavírus estão contemplados na morte de Jesus. Todos são abraçados pelo Servo Sofredor e redimidos no seu amor e n’Ele encontram a esperança na vida e na transformação do mundo.

O sagrado Tríduo da paixão, morte e ressurreição do Senhor constitui o centro de toda a vida cristã ao fazer memória da obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus que o Cristo realizou quando, morrendo destruiu a nossa morte e, ressuscitando, renovou a nossa vida. É a comemoração da vitória da luz sobre as trevas e da vitória da graça sobre o pecado.

Portanto, ao invés de nos derrotar e nos entristecer, a memória da Paixão e morte do Senhor nos encoraja a renovar a nossa fé na esperança da ressurreição e na vida eterna. “… se morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos!” (Rom 6,8).

* Padre Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América.

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