A Semana Santa é conhecida como a semana na qual os cristãos refletem sobre o mistério da salvação trazida por Jesus Cristo.
Por Lawrence Ssimbwa *
A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos e seu conteúdo é a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. Assim, não se pode falar da Semana Santa sem se referir a estes mistérios que são o fundamento da fé cristã, que o Bem-aventurado José Allamano abordou com muito cuidado, como mostramos a continuação.
SOBRE A PAIXÃO E MORTE DE JESUS CRISTO
O Bem-Aventurado José Allamano enfatiza a importância da Paixão e Morte de Jesus Cristo na vida cristã. É importante notar que a partir do Domingo de Ramos começamos a viver a liturgia da Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, mas Sexta-feira Santa é o dia que nos leva a contemplar a Paixão e a Morte do Senhor. Este dia é vivido com as Estações da Cruz, a celebração da Paixão do Senhor e a veneração da Santa Cruz. Além disso, em alguns países existem outras devoções alusivas à experiência da Paixão de Jesus, especialmente o Sermão das Sete Palavras que resume o conteúdo da Paixão e Morte de nosso Senhor Jesus Cristo.
Por causa do significado da Semana Santa, o Bem-aventurado José Allamano recorda a importância de ser devotos da Paixão de Jesus Cristo, principalmente para os missionários e as missionárias. “Se há pessoas que devem pensar na Paixão de Jesus, são exatamente os missionários e missionárias. Esta dever ser umas das vossas principais devoções” (Discípulos em Missão, 69). Ser dedicado à Paixão e à Morte de Jesus Cristo implica meditar profundamente sobre este mistério. Meditar sobre isso deve nos levar ao arrependimento por nossos pecados e à reparação por nossas falhas. É por isso que o Bem-aventurado José Allamano insiste que “meditemos a Paixão do Senhor e o nosso coração, se não for feito de pedra, se comoverá” (Discípulos em Missão, 69). A meditação da Paixão desperta em nós o desejo de sofrer com Jesus e nos leva a compreender nosso próprio sofrimento.
A Paixão e a Morte de Jesus é um mistério que nos leva a compreender o valor do sacrifício. A Paixão e a Morte de Jesus Cristo é a maior manifestação de seu sacrifício salvífico em favor da humanidade pecadora. Por esta razão, “enquanto não nos comprnetrarmos profundamente da Paixão de Jesus, não seremos generosos no espírito de sacrifício” (Discípulos em Missão, 69). Segundo José Allamano “devemos viver sempre imbuídos deste espírito, durante toda a vida, praticando constantemente a renúncia, o sacrifício. A Paixão de Cristo nos sustentará nos cansaços, nos sofrimentos do trabalho apostólico e na hora da morte” (Discípulos em Missão, 70). O mistério da Paixão do Senhor deve ser vivido com amor porque é uma fonte de força para aqueles que se entregam à missão de Desus. Também é necessário contemplá-lo com freqüência para compreender o valor do sofrimento em favor da obra dele. Além disso, a devoção à Paixão do Senhor aumenta o zelo missionário.
A Paixão e a Morte de Jesus Cristo, o mistério contemplado durante a Semana Santa, nos ajuda a compreender o valor do crucifixo. O crucifixo é um reflexo da Cruz de Cristo através da qual ele alcançou a salvação para toda a humanidade. O Bem-Aventurado José Allamano diz: “Sejamos devotos do Crucifixo. Tenhamo-lo presente em nossos quartos, procuremos trazê-lo conosco, dirijamos-lhe frequentes atos de fé e de amor. Que é o Crucifixo para o missionários e a missionária? É um livro, um amigo e uma arma” (Discípulos em Missão, 70).
Temos que imitar a cruz de Cristo nos momentos de sofrimento e através dela nos santificamos, é o caminho que nos conduz ao paraíso, porque “para chegarmos à glória, nãot emos outro caminho que este: a imitação de Jesus sofredor” (Discípulos em Missão, 70).
SOBRE A RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
A ressurreição de Cristo é o fundamento de nossa fé cristã, pois “se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria a nossa fé” (1Coríntios 15,14). Ou seja, tudo o que Ele tinha dito ficaria sem cumprir, até mesmo nossa fé cristã não teria sentido e duvidaríamos que Ele fosse realmente Deus. Entretanto, com sua gloriosa ressurreição, Cristo venceu a morte e o pecado, e sabemos que Ele realmente é o Filho de Deus que nos ressuscitará no último dia. O Bem-Aventurado José Allamano oferece vários ensinamentos sobre a Páscoa da Ressurreição do Senhor.
A ressurreição de Cristo é um banquete porque “Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais; a morte já não tem poder sobre Ele” (Rm 6,9). Isto significa que, além de ser uma festa, a ressurreição de Cristo sempre desperta fervor. Portanto, “devemos ressurgir para o fervor: ressurgir não somente do pecado, mas também de todas as fraquezas. Conservemos sempre vivo o fervor que experimentamos nesta festa. (…) Não tenhais medo de vos tornardes fervorosos demais!” (Discípulos em Missão, 71). Ou seja, a ressurreição de Cristo nos dá coragem e entusiasmo no apostolado missionário.
A Páscoa significa experimentar a paz do Cristo Ressuscitado. É importante notar que, ao aparecer aos apóstolos, a primeira coisa que o Cristo Ressuscitado fez foi desejar-lhes a paz. Com sua ressurreição, Cristo trouxe a paz ao mundo. Somos convidados a “estemos em paz com Deus, através do cumprimento da sua vontade; que estejamos em paz conosco mesmos, evitando as distrações, dominando as paixões, libertando-nos dos desejos inúteis; que estejamos em paz com o próximo, fazendo o esforço de aceitar suas limitações e tratando bem a todos. A paz pode coexistir também com o sacrifício e a tribulação, mas não com o pecado. (Discípulos em Missão, 72). A paz é um dom que devemos pedir a Deus, porque Ele é o Príncipe da paz.
A Páscoa é um tempo para experimentar o espírito de alegria. Da celebração da Vigília Pascal, onde o aleluia que expressa a alegria da ressurreição é cantado com força. A liturgia da ressurreição expressa alegria através do Salmo 117: “Este é o dia em que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos”. Da mesma forma, na Páscoa, a Virgem Maria é abordada com a expressão da alegria: “Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!” Tudo isso mostra que a Igreja experimenta o espírito de alegria na época da Páscoa da Ressurreição de Cristo.
Em relação à alegria, o Bem-Aventurado José Allamano diz o seguinte: “Sejamos sempre alegres, todos os dias, durante todo o ano. O Senhor quer que estejamos sempre alegres, mesmo enquanto dormimos, como crianças que, quando dormem, têm uma expressão tão bela e sorridente. Com alegria vivemos melhor e mais perfeitamente” (Discípulos em Missão, 73).
Portanto, a alegria é uma condição “sine qua non” para o seguidor de Cristo, mas de uma forma especial para os missionários. Alegria é ter o espírito de coragem, pois ela se opõe à tristeza e à melancolia. O Bem-Aventurado José Allamano quer que seus missionários sejam alegres: “Proponhamo-nos a viver uma vida santa, alegre e fervorosa. Uma comunidade onde todos têm esse propósito seria um antegozo do paraíso. Sempre haverá fraquezas, mas estamos aqui para nos aceitar, apoiar e santificar… Não quero que esta seja uma casa de melancolia, mas de alegria. Eu quero que você seja alegre” (Discípulos em Missão, 74).
Discípulos Missionários alegres
Em conclusão, o Bem-Aventurado José Allamano nos lembra que a Semana Santa gira em torno de viver o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo. O mistério da Paixão e Morte de Jesus Cristo nos ajuda a compreender a realidade do sofrimento e as cruzes que carregamos na vida, mas sempre com nosso olhar fixo no Senhor Jesus que nos inspira a superar as dificuldades da vida.
A ressurreição de Cristo nos lembra que, se Ele não tivesse ressuscitado, nossa vida cristã não teria sentido. A este respeito, José Allamano nos lembra que, como discípulos e missionários do Cristo Ressuscitado, devemos experimentar a paz em nossas vidas e nas casas onde vivemos, porque o Cristo Ressuscitado é o protótipo da paz. Da mesma forma, devemos ser discípulos e missionários alegres, porque a alegria é fruto da ressurreição de Jesus Cristo.
* Lawrence Ssimbwa, IMC, missionário em Buenaventura, Colômbia.