
O Instituto Missões Consolata (IMC), fundado pelo Padre José Allamano (1901) é uma Instituição Religiosa com uma organização internacional, uma espiritualidade trinitária, de comunhão, e mariana, de Consolação-liberação, com uma metodologia missionária de Anuncio do Reino de Deus e promoção da vida, caraterizada por três qualidades, segundo o Fundador: “perseverante, concorde e iluminada” (Carta aos missionários do Quênia, 2 de outubro de 1910).
Por Salvador Medina *
No passado está o futuro
Quando celebramos 120 anos de vida e missão do Instituto Missões Consolata, a memória se volta às origens e se pergunta pela primeira motivação geradora deste movimento missionário espalhado pelo mundo afora. Perguntando ao padre da “boa ideia”, o Bem-aventurado José Allamano, responde: “Como eu não pude ser missionário quis ajudar os que desejavam seguir tal caminho” (Conferência às Missionárias da Consolata, 19 março de 1916).

Nos anos de seminário sentiu-se chamado à vocação missionária, mas por causa da sua saúde frágil, o padre espiritual o aconselhou e o convenceu a adiar seu ingresso numa Instituição missionária. Não conseguindo se tornar missionário diretamente ele fez alguma coisa indiretamente: oferecer aos padres diocesanos de Turim e do Piemonte, que desejavam ser missionários, a possibilidade de partir para a missão. A fundação do Instituto será então a maneira de realizar sua vocação missionária.
No fundo, o Fundador se coloca num plano secundário a respeito da missão, se mantem Padre diocesano, como também faz questão de manter diocesano o Santuário da Consolata, nem sequer cogitando um traspasso para o Instituto, ao longo dos 43 anos de exercício como Reitor-Pároco do mesmo. Ele ajuda, mas os verdadeiros protagonistas serão aqueles que partirão e que realizarão a missão. O Fundador quer aprender, do desenvolvimento concreto da missão, aquilo que deveria ter sido o Instituto. Ele não faz a missão, mas serve a missão dos outros. É um “fundidor”: forma e se forma na escola da missão.
Por isso mesmo se entende o fato que a poucos meses da abertura da Consolatina, a primeira sede do Instituto (18 de julho 1901), o Fundador poderá enviar os primeiros missionários (8 de maio de 1902) enquanto ele não estava preocupado em ter uma ideia, um projeto de missão, este projeto o teria inventado aqueles que partiam.
Quatro lições para hoje

Instituto, como um organismo vivo e não apenas instituição, cresce e amadurece ou se estaciona e empobrece, com o contributo de todos e cada um dos seus membros.
A fidelidade, tão necessária nestes tempos de consumo-descartável e pluralismo de opções e oportunidades, não é à Instituição, à qual se deve pertença ativa e participativa corresponsável, mas a missão do Senhor Jesus, numa palavra, a Ele mesmo.
A Animação Missionária, entendida como a facilitação para que os outros vaiam em missão, é fundamental na sociedade e na Igreja.
O intercambio de conteúdos e práticas, entre a missão nos diversos contextos e a instituição, bem acompanhado, sistematizado e comunicado, é fundamental para a formação continua dos missionários, a eficácia da missão e o crescimento integral do Instituto e da Igreja.
A missão: uma atitude de espírito
Na despedida dos missionários (2 de novembro de 1913) o Padre Allamano afirmou: “Esta casa encheu-se continuamente, mas não é o número que importa, mas o espírito” (Conf. I, 610).
Numa outra despedida de missionários (12 de dezembro de 1920): “… o lugar é uma materialidade, não importa estar num lugar ou num outro… somos todos missionários, estamos todos juntos, fazemos todos o mesmo trabalho, como se estivéssemos todos aqui, todos no Quênia, todos no Kaffa, todos no Iringa …” (Conf. III, 499).
Frequentemente falava da necessidade de “ter espírito”. Espírito de: pobreza, humildade, sacrifício, oração, fé, trabalho, desapego, caridade, mansidão… para tornar-se missionários e para realizar a missão.
Ter espírito significa “viver em função de”, porque é na direção da Missão que deve ser encaminhado o ser e o agir do missionário.
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“Espírito de” é: uma realidade que penetra, sustenta e valoriza outras realidades; sal que exalta os sabores; mola que impele; luz que ilumina; profundeza e intensidade; interioridade; totalidade; constância, “habitus”, virtude; ir ao essencial; transformação; coerência; modo de ser e de agir; unidade e harmonia; tensão ao melhor, à santidade: “Primeiramente santos e depois missionários”; “Fazer o bem com perfeição”, “da melhor maneira possível”, “cada dia melhor”. Mais zelo, mais santidade, mais amor para com Deus, mais virtude, mais ciência… qualificam o missionário. O “espírito de” é um “mais”, é a resposta à vocação mais sublime que é a vocação missionária.
* Padre Salvador Medina é Missionário da Consolata na Colômbia.