
A República Islâmica do Afeganistão possui um dos regimes mais extremistas do mundo. Neste momento, não há dados precisos da presença católica, que antes do atual governo Talibã, era de uns 200 membros.
Por Fernando Altemeyer *
Com uma superfície de 652.090 quilômetros quadrados, a República Islâmica do Afeganistão tem uma composição étnica variada: tadjiks 25%, pachtuns 38%, hazares 19%, uzbeckes 6% e minorias diplomáticas. O povo afegão é uma das primeiras populações nômades do mundo, falando diversos idiomas: pachtum e dari (persa), e trinta dialetos de grupos nômades. Faz fronteiras com China, Irã, Uzbequistão, Paquistão, Tadjiquistão e Turcomenistão.

Sua capital é Cabul, que possui três milhões de habitantes. É um país montanhoso, semidesértico sem acesso ao mar. A temperatura pode oscilar de zero grau Celsius ao alvorecer até 38 graus Celsius ao meio-dia. Possui uma grande produção de ópio para exportação. Perto de 47% do PIB envolve 10% dos trabalhadores agrícolas no cultivo da papoula e 87% da produção mundial da heroína traficada pelo planeta. O índice de fecundidade é de 6,75 filhos por mulher, a esperança de vida é de 42,9 anos e tem uma população urbana de 23,82%.
Terrorismo extremista
Viveu invasões constantes por décadas do imperialismo soviético, depois pelo norte-americano e agora por terroristas financiados pelos governos árabes e turcos. A guerra produziu nos cinquenta anos, milhares de refugiados que perambulam pela Ásia Central, Paquistão, Turquia, Rússia e parte da Europa Ocidental. O retorno das milícias do Talibã marca dura perseguição às mulheres, aos estrangeiros e grupos étnicos distintos.

O proselitismo é totalmente proibido. Os muçulmanos sunitas são 84%, os muçulmanos xiitas 15%, e há minorias religiosas (cristãos e hindus) reprimidas pelos grupos extremistas, em particular pelas células militares do Talibã e da Al-Qaeda que usam da religião para dominar, matar e submeter.
Igreja Católica
Não há acordo diplomático com o Estado do Vaticano, entretanto foi estabelecida uma Missão sui iuris, com a presença de um representante papal sediado na Embaixada da Itália em Cabul. A missão foi instituída pelo papa São João Paulo II em 16/05/2002. A presença católica é coordenada pelo Superior da Missão Mons. Giovanni M. Scalese, clérigo regular de São Paulo (dos padres barnabitas), italiano, indicado pelo papa Francisco.
São 40 milhões de habitantes, e antes do atual governo Talibã, havia 200 católicos, com dados de 2014. Não há nenhum dado atual confiável. A organização pastoral se dá com restrições imensas em uma paróquia, três centros de pastoral, quatro padres do clero religioso, quatro irmãos consagrados. Havia duas religiosas consagradas (Little Sisters of Jesus) que deixaram o país em março de 2017.

As primeiras comunidades cristãs datam do século terceiro com forte presença da igreja Nestoriana. Remonta ao século VI, convento nestoriano em Panj, perto da fronteira Kunduz. No ano 424 dC. foi criada a diocese de Herat, e até o ano 1310 houve nove dioceses (entre elas Farah, Zarary, Bushary, Badghis, Kandahar, Balkh).
Há noticias ancestrais registradas da alegre acolhida de dois jesuítas missionários (o espanhol Montesserat e o português Bento de Gois) em 1581 pelo imperador muçulmano Akbar. O padroeiro do país é São Tomé Apóstolo, que teria pregado em Bactria no século I da era cristã. Sobre a missão católica foi escrito um livro “Afghanistan, Crocevie dell’Asia”, pelos sacerdotes barnabitas: padres E. Cagnacci e E. Caspani, publicado em 1951 pela Editora italiana A. Vallardi.
Neste momento, o representante da Santa Sé em Cabul precisou retornar à Itália e deixou a missão. Mons. Giovanni M. Scalese, Superior da Missão afegã, membro dos Clérigos Regulares de S. Paulo. As cinco religiosas da congregação de Madre Teresa também se exilaram. O antigo superior, também está na Itália, Mons. Giuseppe Moretti, Superior emérito da Missão afegã, membro dos Clérigos Regulares de S. Paulo.
Nunca houve cardeal nomeado para o Afeganistão na história eclesiástica católica.
Nenhum bispo do Afeganistão participa do Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870, nem ao Concílio Vaticano II de 1962 a 1965.
Perfil religioso da República Islâmica do Afeganistão – Islam-i Jumburiya-e Afghanistan. Dados coletados para o portal da Consolata, pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior – Assistente doutor do Departamento de Ciências Sociais da PUC-SP. Email: fajr@pucsp.br
Fontes de pesquisa: cardinals.fiu.edu/; catholic-hierarchy.org/; deepask.com/; pt.wikipedia.org/; www.pewforum.org/; vatican.va