A Igreja Católica no Líbano

Convento N. Sra. Bzommar, da Igreja Católica Armênia, Líbano – Foto: VaticanNews

Região de antigas civilizações e de milenária história cultural e religiosa, a Igreja Católica possui ritos orientais de raízes ancestrais: maronitas, greco-melquita, armênio, caldeu e siríacos.

Por Fernando Altemeyer *

Com uma superfície de 10.452 quilômetros quadrados, o Líbano é um país do Oriente Médio, banhado pelo mar Mediterrâneo, numa região que faz ligação entre a Ásia e a Europa. Faz fronteira terrestre com Síria e Israel.

É uma das regiões das antigas civilizações: assírios, fenícios, persas, gregos, romanos, bizantinos, turcos otomanos. Fruto dessa milenária história é a identidade cultural, diversidade étnica e religiosa do país. Os principais idiomas são o árabe e o francês. Sua capital, Beirute, possui 1,9 milhão de habitantes.

O país sofreu profunda e sangrenta guerra durante os anos 1980. Viveu em 2020 o drama da explosão de nitrato de amônio estocado no porto de Beirute. País segue em crise sociopolítica-econômica grave.

Atualmente são 4.082.000 habitantes, dos quais 2.138.000 católicos, ou seja, 52,4% da população, segundo as estatísticas publicadas pela Santa Sé.

Os muçulmanos sunitas são 17%, muçulmanos xiitas são 20%, drusos são 5%, alawitas são 1%, cristãos grego-ortodoxos 8%, protestantes 6%. Há episcopais, batistas, Nazareno, Quakers. Há ainda pequenas minorias de judeus, da fé bahai´s e hindus.

Dados Eclesiais

No país há 24 circunscrições eclesiásticas, de diferentes ritos. São três patriarcados, 12 arquidioceses, oito dioceses de ritos orientais e um vicariato apostólico de rito latino. O episcopado conta atualmente com 45 bispos: um cardeal patriarca de rito maronita, dois patriarcas sendo um do rito siríaco e outro do armênio, 19 arcebispos e 23 bispos. Estão vacantes a arquidiocese de Tiro, de rito melquita, a eparquia de rito maronita Joubbé, Sarba e Jounieh e a nunciatura apostólica.

A organização pastoral se faz por meio de 1.078 paróquias, 1.170 centros de atendimento pastoral. Os ministros do povo de Deus são 1.576 sacerdotes (850 padres do clero secular e 726 membros do clero religioso), 34 diáconos permanentes, 390 seminaristas maiores, 168 irmãos consagrados, 2.543 religiosas consagradas, 2 membros de institutos seculares, 2.294 missionários leigos, 449 catequistas.

Curiosidades

A evangelização principia com o apóstolo Paulo, fundando uma pequena comunidade na cidade de Tiro. A Igreja Católica possui ritos orientais de raízes ancestrais: maronitas envolvem 79,2% dos católicos, rito greco-melquita 16,6%, rito armênio reúne 2,6 % e rito caldeu reúne 0,3% e siríacos 1,5%.

O patriarca ortodoxo de Antioquia mora no Líbano. A Igreja siríaca Ortodoxa tem sede em Damasco, Síria, com forte presença no Líbano. O patriarcado da Igreja armênia apostólica tem sua sede em Antélias, Líbano. São 20 confissões religiosas no país.

A diáspora libanesa faz do Brasil um dos maiores países com povo vindo do Líbano, especialmente na cidade de São Paulo. O papa São João Paulo II visitou o país em maio de 1997 e o papa Bento XVI em setembro de 2012.

Padroeiro:

São Charbel Maklouf

Estátua dos monges, liderados por São Charbel Makhlouf, sacerdote e monge da Ordem Libanesa Maronia – Foto: VaticanNews

Cardeais:

  1. Antoine-Pierre Khoraiche (1907+1994), criado cardeal pelo papa São João Paulo II em 1983. Falecido.
  2. Paul-Pierre Meouchi (1894+1975), criado cardeal pelo papa São Paulo VI em 1965. Falecido.
  3. Nasrallah Pierre Sfeir (1920+2019), criado cardeal pelo papa São João Paulo II em 1994. Falecido
  4. Bechara Boutros Raï (al-Rai), (1940-vivo), criado cardeal em 24/11/2012 pelo papa Bento XVI. Cardeal não eleitor. Nascido na mesma cidade onde nasceu a primeira santa libanesa: Santa Rafqa Ar-Rayes.

Oito bispos estiveram presentes durante o Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870.  

  1. Ambroise B. Abdo (Abdou) †, Bispo de Zahleh e Furzol (Rito Greco-melquita); Idade: 49.9
  2. Antoine-Pierre IX Hassoun †, Cardeal, Patriarca da Cilícia dos armênios (Rito Armênio); Idade: 60.5. Nascido em Constantinopla (Istambul).
  3. Atanasio Kuam (Kauam), B.S. †, Arcebispo de Tiro (Rito Greco-melquita)
  4. Basilio Nasser †, Bispo de Baalbek (Rito Greco-melquita); Idade: 30.3
  5. Ignazio Filippo Harcus †, Patriarca de Antiochia dos sírios (Rito siríaco); Idade: 42.9
  6. Pietro Bostani †, Arcebispo de Tiro e Sidon (Rito maronita), foi representante do Patriarca Boulos Boutros Massad, idade: não há registro.
  7. Teodosio Kujamgi (Kojungi) †, Bispo de Saïda (Rito Greco-melquita); Idade: 64.9
  8. Tobia Aun †, Arcebispo de Beirute (Rito maronita), idade: não consta.

Bispos participantes ao Concílio Vaticano II de 1962 a 1965 foram 24 prelados. Hoje falecidos.

Igrejas ortodoxas

Igreja Maronita (Patriarcado de Antioquia; sede em Bkerke, Líbano).

O rito oriental maronita está presente por todo o Oriente Médio. O patriarcado foi estabelecido no Líbano no século VIII, tendo sido confirmado pelo papa Inocêncio III em 1216. O Patriarca atual é Sua Santidade Béchara Boutros cardeal Raï, O.M.M., Patriarca de  Antioquia, Líbano.

O rito está organizado em 29 circunscrições eclesiásticas. As línguas litúrgicas são o siríaco e o árabe. Os católicos maronitas são 3.388.543 fiéis. Possuem 1027 centros de animação pastoral, 1159 presbíteros, um patriarca e 48 bispos. Possuem quatro congregações religiosas masculinas e sete femininas.

Sínodo dos bispos maronitas em 2021 – Foto: VaticanNews

A liturgia siríacapartilha a mesma história, rito e idioma da Igreja siríaca ortodoxa, até o século 16, quando ocorre um movimento de união sob a ação de missionários ocidentais, em particular, frades capuchinhos, e graça aos maronitas este penetra largamente na Igreja siríaca.

Com Ignácio Andre Akhidja, eleito patriarca em 1662 a Igreja assume o nome de Igreja siríaca católica. A união definitiva é selada em 1783. Os Bispos do rito siríaco são 21 em 14 circunscrições. Membros: 160.418 católicos de rito oriental siríaco. Presbíteros: 114 Centros de pastoral: 86

Igreja Católica Armênia (Patriarcado da Cilicia; sede em Beirute, Líbano).

Este rito mescla elementos armênios com liturgia da Igreja mãe de Jerusalém, além dos ritos bizantino e siríaco. O rito católico oriental armênio está presente por todo o planeta acompanhando a diáspora do povo armênio depois de 1915 com o genocídio praticado pelo império otomano.

O patriarcado foi estabelecido no Líbano em 1742 pelo papa Bento XIV. O Patriarca atual é Sua Santidade Grégoire Pierre XX (Krikor) Ghabroyan, I.C.P.B, eleito pelo Sínodo dos bispos armênios e ratificado pelo papa Francisco em 25 de julho de 2015.

Organizada em 18 circunscrições eclesiásticas, está presente no Brasil, Líbano, Irã, Iraque, Egito, Turquia, Ucrânia, França, Argentina, Estados Unidos/Canadá, Grécia, Romênia e Armênia. A língua litúrgica é o armênio. Os católicos armênios são 469.990 fiéis. Possuem 104 centros de animação pastoral, 75 presbíteros, um patriarca e 18 bispos. O patriarcado está sediado em Bzoummar, no Líbano.


* Perfil da Igreja Católica da República do Líbano – Al-Jumburiyah al-Lubnaniyah. Pesquisa para o Portal da Consolata preparada pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor do departamento de Ciências Sociais da PUC-SP Email: fajr@pucsp.br

Fontes de pesquisa: http://cardinals.fiu.edu/; http://www.catholic-hierarchy.org/country; https://pt.wikipedia.org/wiki/; https://www.pewforum.org/data/; www.vatican.va

Conteúdo Relacionado