
O cristianismo chegou ao Japão no século XVI levado pelo jesuíta São Francisco Xavier, em 1549. Sofrendo uma dura perseguição e o martírio de milhares de cristãos nos primeiros séculos de evangelização, alguns cristãos japoneses conseguiram sobreviver e transmitir secretamente sua fé de geração em geração, criando uma simbologia, ritos e uma linguagem incompreensível fora de suas comunidades.
Por Fernando Altemeyer *
A superfície do arquipélago do Japão, situado no nordeste do Oceano Pacífico, é de 377.915 km². Os idiomas falados são o japonês, inglês e o aïnou em Hokkaido. O país faz fronteiras marítimas com a Coreia do Sul, Coreia do Norte, Filipinas, Taiwan, Rússia e China. A capital é Tóquio com 13.185.502 habitantes.
Possui relevo montanhoso. Constituido de quatro ilhas principais: Hokkaido, Honshu, Shikoku e Kyushu e uma multidão de 6848 ilhotas. A esperança de vida é de 81,80 anos. O índice de fecundidade é de apenas 1,29 filhos por mulher. A população urbana é de 65,57% do total.
O Japão tem 67 vulcões, entre ativos e latentes. Asama, Hihara, Aso e o Sakurajima ainda estão ativos. O vulcão Monte Sakurajima tem entrado em erupção continuamente. O Monte Fuji é o ponto culminante com 3776m de altitude. Em outubro de 2019 tomou posse o novo imperador japonês Naruhito.

Atualmente são 127.912.000 habitantes. Segundo estatísticas oficiais de 2018, publicadas pela Conferência Episcopal do Japão, há 440.893 católicos do país, ou seja, 0,3% da população. Uma nota da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris-MEP, “não foram considerados os católicos que não estão registrados nas paróquias japonesas”. Portanto o número pode ser bem superior, pelo menos o dobro que os 440 mil registrados pelo Episcopado japonês oficialmente.
Dados Eclesiais
Há dezesseis circunscrições eclesiásticas no Japão: três arquidioceses ou sedes metropolitanas e 13 dioceses. O episcopado conta com 29 bispos, sendo um cardeal arcebispo na ativa, quatro arcebispos, um núncio apostólico e 23 bispos.
As comunidades católicas estão concentradas em uma área homogênea compreendida entre a Ilha de Hirado, o arquipélago de Goto e a cidade de Nagasaki. A Arquidiocese de Tóquio ainda detém o primado no número de fiéis, seguida por Nagasaki, Yokoama e Osaka.
A organização pastoral se faz por meio de 885 paróquias e 948 centros de atendimento pastoral. Soma-se ainda 815 creches, escolas infantis e de ensino fundamental atendendo a 204.335 estudantes. O Japão conta também com 44 colégios católicos, incluindo universidades. Há ainda de 606 centros caritativos e sociais. Os ministros do povo de Deus são 1.496 sacerdotes (520 padres do clero secular e 976 membros do clero religioso), 27 diáconos permanentes, 194 irmãos, 80 seminaristas maiores, 5.620 religiosas consagradas, 196 membros de institutos seculares, 23 missionários leigos, 1701 catequistas.

As principais religiões são: Budistas somam 71% da população com 84.500 templos e 274.000 monges. Shintoístas somam 85% da população com 90.529 santuários e 102.000 padres. Há outros grupos cristãos em um total de 0,3% da população. Fica evidente a dupla pertença. Há uma grande variedade de novas religiões japonesas do pós-guerra.
Curiosidades
O cristianismo chegou ao Japão no século XVI levado pelo jesuíta São Francisco Xavier, em 15 de agosto de 1549, vindo Malacca-Cingapura, acompanhado por outros jesuítas. Seguiram-se os franciscanos, os dominicanos e os agostinianos. No arco de 60 anos, esses primeiros missionários, incluindo outro jesuíta, o italiano Alessandro Valignano (1539-1606), conseguiram estabelecer uma comunidade cristã próspera enraizada na fé e, ao mesmo tempo na cultura local. De 1549 a 1551, São Francisco Xavier evangelizou Kagoshima e o sul da ilha de Kyunshu, construindo pujante comunidade de 800 católicos. Pela ação dos jesuítas o cristianismo faz sua penetração junto ao povo e às elites.
Em 19/02/1588 é erigida a diocese de Funaï pelo papa Sixto V, sendo Nagasaki seu centro diocesano. Graças ao esforço para encontrar expressões apropriadas em japonês para tornar o cristianismo compreensível, a comunidade católica cresceu, chegando a superar os 300.000 fiéis.
Em seguida começa a dura perseguição e o martírio de milhares de cristãos, por ordem do shogun Taiko Sama. Essa primeira comunidade cristã foi quase completamente destruída pelas perseguições iniciadas no final do século XVI com a crucificação, em 1597, de 26 mártires cristãos (6 franciscanos, 3 jesuítas e 17 fiéis) e que atingiram seu ápice no século XVII, um dos mais violentos na história do cristianismo.
Privados do clero e de igrejas onde celebrar liturgias, e apesar dos massacres, alguns cristãos japoneses conseguiram sobreviver e transmitir secretamente sua fé de geração em geração, criando uma simbologia, ritos e uma linguagem incompreensível fora de suas comunidades. Começou assim a era do kakure kirishitan, os “cristãos escondidos”, cuja existência foi descoberta em Urakami, cercanias de Nagasaki, em meados do século XIX quando, com discrição e entre várias dificuldades, foram lentamente retomados os trabalhos de evangelização confiados desta vez à Sociedade das Missões Estrangeiras de Paris (MEP).
O primeiro Vicariato apostólico do Japão Meridional data de 1876. Em seguida ganha forma a organização eclesiástica da Igreja japonesa com a ereção das Dioceses de Nagasaki e Osaka e da Arquidiocese de Tóquio (1891). Em 1927, a Igreja no Japão teve seu primeiro bispo de nacionalidade japonesa, Dom Januarius Kyunosuke Hayasaka, nomeado à frente da Diocese de Nagasaki. Tornar-se-á arquidiocese de Nagasaki em 04/05/1959.
O papa São João Paulo II visitou o país em fevereiro de 1981. E o papa Francisco esteve em novembro de 2019.
Padroeiros:
Nossa Senhora do Japão, São Francisco Xavier, São Pedro Batista, São Paulo Miki.

Cardeais:
- Peter Tasuo Doi, arcebispo de Tóquio (criado cardeal em 1960), (1892†1970), criado pelo papa São João XXIII. Nascido de uma família de samurais.
- Stephen Fumio Hamao, bispo emérito de Yokohama e Presidente do Pontifício Conselho para cuidado pastoral dos migrantes e povos itinerantes (criado cardeal em 2003), (1930†2007), criado pelo santo papa São João Paulo II. Seu irmão mais velho foi chanceler do Imperador japonês.
- Joseph Asajiro Satowaki, arcebispo de Nagasaki (criado cardeal em 1979), (1904†1996), criado pelo santo papa São João Paulo II.
- Peter Seiichi Shirayanagi, arcebispo de Tóquio (criado cardeal em 1994), (1928†2009), criado pelo papa São João Paulo II.
- Paul Yoshigoro Taguchi (criado cardeal em 1973), primeiro arcebispo de Osaka (1902†1978), criado pelo papa São Paulo VI.
- Thomas Aquino Manyo Maeda, arcebispo de Osaka (1949-vivo) (criado cardeal em 28/06/2018), †, criado pelo papa Francisco. Cardeal eleitor. Idade: 73,38 anos.
Bispo presente ao Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870: Bernard-Thadée Petitjean, M.E.P. †, Bispo titular de Miriophidensis, Vigário Apostólico do Japão; Idade: 40.5 anos.
Bispos participantes ao Concílio Vaticano II de 1962 a 1965. Hoje falecidos.
- Benedict Takahiko Tomizawa †, Bispo de Sapporo; Idade: 54.6
- Dominic Senyemon Fukahori †, Bispo de Fukuoka; Idade: 71.3
- Dominic Yoshimatsu Noguchi †, Bispo de Hiroshima; Idade: 55.9
- Franciscus Xaverius Eikichi Tanaka †, Bispo de Takamatsu; Idade: 63.3
- John Shojiro Ito †, Bispo de Niigata; Idade: 56.5
- Joseph Asjiro Satowaki †, Bispo de Kagoshima; Idade: 61.6
- Laurentius Satoshi Nagae †, Bispo de Urawa; Idade: 52.1
- Lucas Katsusaburo Arai †, Bispo de Yokohama; Idade: 60.9
- Mario Cagna †, Arcebispo Titular de Heraclea in Europa; Internúncio para o Japão; Cúria Romana; Idade: 53.9
- Paul Aijirô Yamaguchi †, Arcebispo de Nagasaki; Idade: 70.2
- Paul Yoshigoro Taguchi †, Bispo de Osaka; Idade: 63.2
- Paul Yoshiyuki Furuya †, Bispo de Kyōto; Idade: 65.6
- Peter Magoshiro Matsuoka †, Bispo de Nagoya; Idade: 78.5
- Peter Saburo Hirata, P.S.S. †, Bispo de Oita; Idade: 52.1
- Peter Tatsuo Doi †, Cardeal, Arcebispo de Tōkyō; Idade: 72.7
- Petro Arikata Kobayashi †, Bispo de Sendai; Idade: 56.0
* Perfil da Igreja Católica do Império do Japão – Nihonkoku. Pesquisa para o Portal da Consolata preparada pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor do departamento de Ciências Sociais da PUC-SP Email : fajr@pucsp.br
Fontes de pesquisa: http://cardinals.fiu.edu/; http://www.catholic-hierarchy.org/; http://www.deepask.com/; https://pt.wikipedia.org/; https://www.pewforum.org/data/; www.vatican.va