A Igreja Católica na Tanzânia

4 de fevereiro de 2022
Celebração do centenário da presença da Consolata na Tanzânia – Foto: IMC Tanzânia

O pai da atual Tanzânia é o servo de Deus Julien Nyerere (1922-1999) que tem a causa de beatificação introduzida em Roma. Os Missionários da Consolata têm uma presença centenária no país.

Por Fernando Altemeyer *

Com uma superfície de 945.087 quilômetros quadrados, a Tanzânia faz fronteira com o oceano Indico, com Burundi, Quênia, Malawi, Moçambique, Uganda, Ruanda e Zâmbia. O país tem inúmeros idiomas locais, sendo predominante o Swahili e o inglês. Sua capital é Dodoma. O ponto mais alto da África é o monte Kilimanjaro com 5.895 metros.

O índice de fecundidade atinge 4,59 filhos por mulher. A esperança de vida é de 59,3 anos. A população urbana e de 36,45%. A composição étnica é de 95% de bantos de 130 diferentes tribos. O país é rico em ouro e minas de diamantes.

Atualmente são 63.341.000 habitantes, dos quais 19.192.000 católicos, ou seja, 30,3% da população, segundo as estatísticas publicadas pela Santa Sé.

Dados Eclesiais

Na Tanzânia há 34 circunscrições eclesiásticas, sendo seis arquidioceses e 28 dioceses. O episcopado conta com 42 bispos: um cardeal arcebispo emérito, sete arcebispos ativos, dois arcebispos eméritos, um núncio apostólico, 24 bispos diocesanos, quatro auxiliares e três eméritos. Atualmente estão vacantes as dioceses de Kahama, Njombe e Tanga.

A organização pastoral se faz por meio de 977 paróquias, 6476 centros de atendimento pastoral, e 695 escolas católicas. Ministros do povo de Deus: 2791 sacerdotes (1805 padres do clero secular e 986 membros do clero religioso), 1 diácono permanente, 788 irmãos, 5 membros de instituto secular, 796 missionários leigos, 1284 seminaristas maiores, 10.537 religiosas consagradas e 15.073 catequistas.

Os irmãos protestantes e anglicanos 33%, muçulmanos 34,1%, religiões tradicionais 1,1%, sem religião 1,6%.

Curiosidades

A evangelização teve início entre 1499 e 1698 por portugueses, particularmente os missionários agostinianos, expulsos posteriormente pelos árabes. Os missionários espiritanos chegam a Tanganika em 1868. Em 1878 os padres Brancos passam pelo país em direção aos Grandes Lagos. Em 27/09/1880 são criados os pro-vicariatos apostólicos de Tanganika e de Nyanza. Em 1903 é fundada a primeira congregação religiosa local, as Irmãs de Nossa Senhora da África.

Em 1952 o papa Pio XII nomeia o primeiro bispo negro tanzaniano, dom Rugambwa.  A hierarquia foi estabelecida em 1953. Em 1960 foi criado o primeiro cardeal da África negra.

O servo de Deus Julius Nyerere recepciona São João Paulo II na Tanzânia – Foto: divulgação

O pai da atual Tanzânia é o servo de Deus Julius Nyerere (1922-1999) que tem a causa de beatificação introduzida em Roma. Há quatro congregações religiosas de origem tanzaniana. A Igreja católica apoia milhares de refugiados de Ruanda, Burundi e Moçambique. O papa São João Paulo II visitou o país em setembro de 1990.

Abdulrazak Gurnah foi galardoado com o Prêmio Nobel de literatura de 2021, sendo o sexto escritor africano a receber essa honraria. Ele é conhecido como “um dos mais proeminentes escritores pós-coloniais do mundo.”

Padroeira:

Imaculado Conceição.

Cardeais:

  1. Laurean Rugambwa, nascido em 12/07/1912 em Bukoka, Tanganika, atual Tanzânia, e falecido em 08/12/1997 em Dar-es-Salam. Criado cardeal pelo papa São João XXIII em 03/06/1960 com apenas 47 anos de idade. Foi o primeiro bispo negro da África Oriental sagrado com 39,5 anos, pelo papa Pio XII, em 10/02/1952.
  2. Polycarp Pengo, nascido em 05/08/1944, na cidade de Mwazye, diocese de Sumbawanga, Tanganyika. Arcebispo emérito de Dar-es-Salaam. Criado cardeal em 21/02/1998 pelo papa São João Paulo II. Idade: 77,42 anos, cardeal eleitor.

Nenhum bispo presente ao Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870.

Bispos participantes no Concílio Vaticano II de 1962 a 1965 foram 29 prelados. Todos atualmente falecidos.

Missionários da Consolata: 100 anos na Tanzânia

Em 18 de maio de 1919, o Padre Gaudenzio Panelatti foi encarregado de ir, junto com os Padres Domenico Vignoli, Giacomo Cavallo e Giovanni Ciravegna, a Tanganyika (hoje Tanzânia), às áreas de Uhehehe, Usangu, Ugogo e Ulanga, no lugar dos missionários beneditinos alemães expulsos do território.

Em 1921, os padres Domenico Spinello e Pietro Albertone se juntaram a eles. Eles se estabeleceram nos pontos-chave de Tosamaganga (Uhehe), Madibira (Usangu), Pandangani e depois Bihawana (Ugogo), e mais tarde foram também para Ulanga. Sua atividade foi muito intensa e frutífera, especialmente em trazer de volta à prática da fé muitos que a haviam negligenciado, e em formar novos catecúmenos e cristãos.

Em 1922 o Instituto aceitou oficialmente essas estações missionárias e outros territórios e em 3 de março de 1922 foi criada a Prefeitura de Iringa, separando-a do Vicariato Apostólico de Dar-es-Salaam. A eleição do Pe. Francesco Cagliero como primeiro Prefeito Apostólico ocorreu em 10 de maio de 1922, que depois, em 1948, foi criado o Vicariato Apostólico e em 25 de março de 1953 a diocese.

Entre 1932 e 1968 partes do território da prefeitura passaram para os Capuchinhos, para os Passionistas e para a Diocese de Njombe, criada em 16 de fevereiro de 1968.

Na Tanzânia, os Missionários da Consolata também estão presentes na Arquidiocese de Dar-es-Salaam desde 1966, na Diocese de Singida desde 1986 e na Diocese de Morogoro desde 1993.

* Perfil da Igreja Católica da República Unida da Tanzânia –  Jamburi ya Muungano wa Tanzania. Pesquisa para o Portal da Consolata realizada pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior – assistente doutor do departamento de Ciências Sociais da PUC-SP. fajr@pucsp.br

Fontes da pesquisa: www.vatican.va; http://www.catholic-hierarchy.org/country; http://cardinals.fiu.edu/1873-2019-country.htm; https://secam.org/

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