A Igreja Católica na República Democrática do Congo

Celebração no Congo – Foto: Pe. Jean-Claude Bafutanga IMC (missinário no Brasil)

Com um rito zairense de alta beleza litúrgica, aprovado pela Santa Sé, há 47 circunscrições eclesiásticas no país, sendo seis arquidioceses e 41 dioceses

Por Fernando Altemeyer *

A República Democrática do Congo – RDC faz fronteiras com Angola, Burundi, República Centro Africana, Congo, Uganda, Ruanda, Sudão e Zâmbia. Tem uma superfície 2.345.409 quilômetros quadrados. A capital é Kinshasa, com nove milhões de habitantes. Etnicamente é formado por mais de 200 grupos, que falam mais de 400 dialetos locais, francês, tsiluba, Kikongo, swahili e lingala.

O país é rico em cobalto, zinco e cobre, cobiçados e explorados pelas potências estrangeiras. As fontes de riqueza mineral são as imensas jazidas de urânio, prata, ouro e diamantes. Tem uma taxa de fecundidade de 5,77 filhos por mulher e a expectativa de vida é de 49,62 anos.

A RD do Congo declara a sua independência em 1960 frente ao colonizador belga que tanto oprimiu o povo congolês até os anos 1950. Não se pode jamais esquecer o Genocídio do Congo Belga, ao final do Século XIX perpetrado pelo sanguinário rei Leopoldo II da Bélgica, que fez 15 milhões de mortos. Incontáveis mulheres e crianças tiveram seus braços cortados fora pela milícia belga, simplesmente porque suas famílias não conseguiram bater a cota de trabalho.

Atualmente,considera-se que 3,3 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrerão de má-nutrição aguda, um terço delas, de má-nutrição aguda grave. Estes dados alarmantes devem-se à insegurança persistente, às consequências socioeconómicas da pandemia de Covid-19 e ao limitado acesso aos serviços essenciais para crianças e famílias vulneráveis. Se teme uma nova emergência do vírus Ebola no leste do país. A última epidemia, em novembro de 2020, causou a morte de 55 pessoas em 130 casos recenseados.

Atualmente são 91.568.000 habitantes, dos quais 48.073.200 católicos, ou seja, 52,5% da população, segundo as estatísticas publicadas pela Santa Sé.

Dados Eclesiais

Há 47 circunscrições eclesiásticas, sendo seis arquidioceses e 41 dioceses. O episcopado conta com 67 bispos: um cardeal, um núncio apostólico, cinco arcebispos na ativa e dois eméritos, 35 bispos diocesanos, quatro auxiliares, dois administradores e 17 bispos eméritos. Atualmente estão vacantes as dioceses de Buta, Doruma-Dungu, Kamina, Kilwa-Kasenga, Kisantu e Matadi. Há um rito zairense de alta beleza litúrgica, aprovado pela Santa Sé.

A organização pastoral se faz por meio de 1421 paróquias e 9.000 centros de atendimento pastoral. Ministros do povo de Deus: 5.540 sacerdotes (3.532 padres do clero secular e 2.008 membros do clero religioso), quatro diáconos permanentes, 1.529 irmãos, 63 membros de instituto secular, 349 missionários leigos, 3398 seminaristas maiores, 9.181 religiosas consagradas e 80.958 catequistas.

Os irmãos protestantes e anglicanos são 14,6%, os kimbanguistas 10%, muçulmanos 1,2% e religião tradicional africana 2,7% e sem religião 8%.

Curiosidades

A presença cristã principia em 1484 com a chegada de portugueses escravagistas. O primeiro bispo da África negra foi sagrado em 1518. A Missão do Congo belga foi criada em 22/11/1886. A hierarquia católica foi estabelecida em 1959. O papa São João Paulo II visitou o país em maio de 1980 e retornou em segunda viagem em agosto de 1985.

Padroeira:

Imaculada Conceição.

Cardeais na história da RDC:

  1. Joseph Malula, (*1917+1989), arcebispo de Kinshasa. Criado cardeal pelo papa São Paulo VI em 28/04/1969. Falecido.
  2. Frédéric Etsou-Nzabi-Bamungwabi, C.I.C.M., (*1930+2007), arcebispo de Kinshasa. Criado cardeal pelo papa São João Paulo II em 28/06/ 1991. Falecido.
  3. Laurent Monsengwo Pasinya, (*07/10/1939+11/07/2021), Arcebispo emérito de Kinshasa. Criado cardeal pelo papa Bento XVI em 20/11/2010. Falecido.
  4. Fridolin Ambongo Besungu, O.F.M. Cap., arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo). Nascido em 24/01/1960. Cardeal presbítero titular da Igreja romana de San Gabriele Arcangelo all’Acqua Traversa. Criado cardeal em 05/10/2019 pelo papa Francisco. Cardeal eleitor com 61,74 anos.

Nenhum bispo participante do Concílio Vaticano I de 08/12/1869 a 20/10/1870.

Os bispos participantes ao Concílio Vaticano II foram 55 prelados. Hoje falecidos.            

                                                                        

BEATO ISIDORE BAKANJA

Mártires da República Democrática do Congo:

  1. Beato Isidore Bakanja Bokendela, leigo e mártir, nascido entre 1880/1890 e assassinado em 15/08/1909.
  2. Beata Marie-Clémentine Anuarite Nengapeta, religiosa da Sagrada Família martirizada.  
  3. Beato Francesco Spoto, padre missionário Servo dos Pobres, martirizado.  
  4. Serva de Deus Floralba Rondi (Luigia Rosina), religiosa da Congregação das Irmãs das Pobrezinhas – Instituto Palazzolo; nascida em 10 de dezembro de 1924 em Pedrengo (Itália) e falecida em Mosango (República Democrática do Congo) em 25 de abril de 1995;
  5. Serva de Deus Clarangela Ghilardi (Alessandra), religiosa da Congregação das Irmãs das Pobrezinhas – Instituto Palazzolo; nascida em 21 de abril de 1931 em Trescore Balneario (Itália) e falecida em Kikwit (República Democrática do Congo) em seis de maio de 1995;
  6. Serva de Deus Dinarosa Belleri (Teresa Santa), religiosa da Congregação das Irmãs das Pobrezinhas – Instituto Palazzolo; nascida em 11 de novembro de 1936 em Cailina di Villa Carcina (Itália) e falecida em Kikwit (República Democrática do Congo) em 14 de maio de 1995;
  7. Serva de Deus Annelvira Ossoli (Celeste Maria), religiosa professa da Congregação das Irmãs dos Pobres, Instituto Palazzolo; nascida em 26 de agosto de 1936 em Orzivecchi (Itália) e falecida em Kikwit (República Democrática do Congo), em 23 de maio de 1995;
  8. Serva de Deus Vitarosa Zorza (Maria Rosa), religiosa professa da Congregação das Irmãs dos Pobres, Instituto Palazzolo; nascida em 9 de outubro de 1943 em Palosco (Itália) e falecida em Kikwit (República Democrática do Congo,) em 28 de maio de 1995;
  9. Serva de Deus Danielangela Sorti (Anna Maria), religiosa professa da Congregação das Irmãs dos Pobres, Instituto Palazzolo; nascida em 15 de junho de 1947 em Bérgamo (Itália) e falecida em Kikwit (República Democrática do Congo), em 11 de maio de 1995.
Missionários da Consolata na RD do Congo

Aceitando o pedido de alguns bispos da então “República de Zaire”, no final de 1972, os Missionários da Consolata enviaram um grupo de missionários que foram encarregados de duas missões nas Dioceses de Dungu-Doruma e Wamba.

Como país de missão e em missão, já são quase 50 anos desde que os missionários pisaram no país, esforçando-se para levar a verdadeira consolação ao país centro-africano, dilacerado por múltiplas guerras e mortes incalculáveis.

Missionário da Consolata brasileiro na RD do Congo – Foto: Pe. Manuel Pereira IMC

Cinqüenta anos se passaram desde que a Boa Nova foi anunciada em várias dioceses deste país. Hoje estão presentes em 5 dioceses do país: Kinshasa, Kisantu, Kisangani, Isiro e Wamba.

A evangelização, como resposta ao chamado de Jesus, se busca através de um compromisso tríplice: evangelização, promoção humana e cuidado das minorias étnicas. Este ano de 2021, iniciou-se as atividades do 50º aniversário da presença missionária da Consolata na República Democrática do Congo.

* Dados eclesiais da Igreja Católica da República Democrática do Congo (antigo Zaïre) – République Démocratique du Congo. Pesquisa do Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior – Departamento de Ciências Sociais PUC-SP. fajr@pucsp.br

Fontes da pesquisa: www.vatican.va; http://www.catholic-hierarchy.org/country; http://cardinals.fiu.edu/1873-2019-country.htm; http://cenco.org/; https://secam.org/

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