Outubro é o mês missionário. E inicia justamente com a celebração da memória litúrgica de Santa Teresinha do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja que, ao lado de São Francisco Xavier, é também Padroeira das Missões. “Minha vocação, é o amor!”
Por Jaime C. Patias *
Ao longo deste mês se realiza a Campanha Missionária organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM). O objetivo é promover a cooperação com as missões em todo o mundo. “Jesus Cristo é missão” é o tema escolhido para o mês missionário 2021, cuja inspiração bíblica é “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” (At 4,20). Conforme destaca o Site das POM, o novo contexto da pandemia que se estende de forma prolongada, evidenciou e ampliou o sofrimento, a solidão, a pobreza e as injustiças de que tantos já padeciam. Desmascarou nossas falsas seguranças e desnudou nossa fragilidade humana.
Como gesto concreto, em todas as Igrejas do mundo, realiza-se nos dias 23 e 24 de outubro a coleta missionária, destinada de forma integral para a missão da compaixão. Oitenta por cento dos recursos são enviados à Congregação para Evangelização dos Povos que faz circular um fundo universal de solidariedade, mantendo 1.050 dioceses nas periferias mais necessitadas do mundo. Os vinte por cento restantes ficam no Brasil e mantém os trabalhos das Pontifícias Obras Missionárias, compondo uma rede mundial de oração e caridade a serviço do Papa e da Missão da Igreja.
Acesse e baixe aqui todos os materiais da Campanha Missionária 2021
Além do tema “Jesus Cristo é missão”, a arte contempla o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos” que remete aos missionários da compaixão e da esperança, linha de frente diante dos desafios da pandemia. O destaque das imagens valoriza os profissionais de saúde e a proteção dos povos originários, bem como um gesto concreto de solidariedade vivido com a campanha “A Amazônia precisa de você”.
Acesse e assista testemunhos missionários da Novena 2021
O Papa Francisco nos recorda o essencial na vida cristã quando afirma: “A missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu coração (…) Eu sou uma missão de Deus nesta terra, e para isso estou neste mundo” (EG, 27 e 273).
O amor de Deus é fonte da missão
O Concílio Vaticano II nas suas Constituições Lumen Gentium e Gaudium et Spes, e no Decreto Ad Gentes (AG) afirma que a missão tem a sua origem no “amor fontal” do Pai, um amor que não se contém, mas transborda, comunica e sai de si mesmo devido à sua natureza missionária (cf. LG 5; 8; 17; AG 2; Documento Aparecida – DAp 129; 347). Em suma, Deus é missão: a missão vem de Deus porque Deus é Amor. A missão revela a essência de Deus. Refere-se principalmente ao que Deus é e não ao que Deus faz.
Esta missão de Deus manifesta-se de forma definitiva através do envio do Filho amado, Jesus Cristo, o Verbo feito carne (cf. Jo 1,14) “que, sendo rico, se fez pobre por nós para nos enriquecer com a sua pobreza” (AG 3). Por isso o tema da Campanha Missionária: “Jesus Cristo é missão”
Para realizar o seu plano de amor, a missão de Deus revela-se no dinamismo, na efusão e no protagonismo do Espírito Santo, que “já estava em ação no mundo antes de Cristo ter sido glorificado” (AG 4). É o Espírito que desperta a fé (cf. 1 Cor 12,3) e dirige a missão da Igreja aos povos (cf. At 16,6-7). Ao mesmo tempo, “Ele é a alma da Igreja que evangeliza” e a empurra “para fora de si mesma a fim de evangelizar todos os povos” (GS 261). Portanto, “a Igreja é pela sua natureza missionária” (AG 2): a Igreja “é” quando é enviada, ela existe para a missão e deve testemunhar o amor de Deus que em sua misericórdia sai de si e abraça a todos.
“Minha vocação, é o amor!”
Santa Teresinha do Menino Jesus, mesmo vivendo no Carmelo, entendeu o verdadeiro amor de Deus que alcança toda a humanidade. Ela viveu sua vocação com um horizonte universal e como missionária, rezava pelas vocações e pelas missões. Em seus escritos autobiográficos, intitulados “História de uma alma”, ela afirma: “Ó Jesus, meu amor, minha vocação, encontrei-a afinal: Minha vocação, é o amor! […]”.
Seu exemplo nos mostra que “a vida é missão”, mesmo não podendo sair de casa. Apesar das restrições impostas pela pandemia de Covid-19, podemos mostrar nosso amor para com todos rezando e apoiando as missões por meio de gestos concretos de renúncia e ofertas. Assim, nos tornamos de fato “missão de Deus nesta terra” por que “a vida é missão”. “Jesus Cristo é missão”.
* Jaime C. Patias, IMC, é Conselheiro Geral para América.