A Igreja Católica em Myanmar

Religiosa implora pela paz no Myanmar – Foto: Divulgação

A Igreja católica está inserida fortemente em atividades sociais e pastorais, especialmente neste tempo em que o país vive uma guerra civil interna.

Por Fernando Altemeyer *

Com uma superfície de 676.579 quilômetros quadrados, Myanmar está localizado no sudeste asiático, fazendo fronteiras com Bangladesh, China, Índia, Laos, Tailândia.  Possui longa costa marítima no golfo de Bengala.

Sua capital Rangoon tem 925.000 habitantes. Tem um índice de fecundidade de 2,31 filhos por mulher, uma esperança de vida de 60,76 anos e uma população urbana de 30,04% do total. A composição étnica majoritária é conformada de birmaneses 68%, shans 9%, karens 7%, rakhines 4% e chineses 3%. No país se falam diversos idiomas: birmanes, karen, mon, shan, kachin, chin, kayah, arakan.

Atualmente são 60.976.000 habitantes, sendo um pequeno rebanho de 675.000 católicos, ou seja, 1,1% da população, segundo as estatísticas publicadas pela Santa Sé.

SITUAÇÃO DO PAÍS

Grande cultivo de papoula ao leste no chamado Triângulo de ouro. É o sétimo país produtor de arroz no mundo. Possui grandes reservas de cobre, estanho e tungstênio. A agricultura produz 58% do PIB, a indústria produz 7% e os serviços 33,5%. Possui grandes reservas de gás natural. Possuí importantes reservas minerais de pedras preciosas, como rubi, safira e jade.

Myanmar tornou-se independente do Reino Unido em 4 de janeiro de 1948, com o nome oficial de “União da Birmânia”, designação que voltou a adotar após um período como “República Socialista da União da Birmânia” (4 de janeiro de 1974 a 23 de setembro de 1988). O povo rohingya de Myanmar é deslocado internamente por décadas em longos abusos dos direitos humanos. Mais de 100 000 rohingyas em Myanmar continuam a viver em campos fechados para deslocados internos. Rohingyas têm recebido atenção internacional na sequência de tumultos no estado de Rakhine em 2012 e de suas consequências.

As minorias muçulmanas foram atacadas na região de Arakan, no oeste do país, e isso fez com que, segundo a ONU, 370 mil pessoas se refugiassem, sobretudo no Bangladesh. Atualmente vive sob ditadura militar depois de um golpe cruento em 01 de fevereiro de 2021 e vive sob um forte conflito armado interno.

DADOS ECLESIAIS

Há 16 circunscrições eclesiásticas de rito latino em Myanmar, sendo três arquidioceses e treze dioceses. O episcopado birmanês conta atualmente com 23 bispos, sendo 1 cardeal, 1 núncio apostólico, dois arcebispos na ativa e dois arcebispos eméritos, e 13 bispos diocesanos, um auxiliar e três eméritos. Atualmente estão vacantes quatro dioceses: Kengtung, Loikaw, Myitkyina e Pathein e a nunciatura apostólica com sede na Tailândia.

A organização pastoral se faz por meio de 358 paróquias e 417 centros de atendimento pastoral. Os ministros do povo de Deus: 793 sacerdotes (714 padres do clero secular e 79 membros do clero religioso ou regular), 393 seminaristas, 139 irmãos, 1.819 religiosas consagradas, membros de institutos seculares 2, missionários leigos são 394 e ainda 3.180 catequistas.

A Igreja católica está inserida fortemente em atividades sociais e pastorais. Grande parte dos católicos birmaneses pertence às minorias étnicas, sobretudo aos karens.

Os budistas são 89% da população; batistas 4,3%, muçulmanos 4% e animistas 1%.

CURIOSIDADES

O cristianismo chega em 1500 por mercadores portugueses. Dois emissários do Vicariato do Sião, Ava e Pégu foram colocados em um saco e jogados ao mar em 1669. Os padres barnabitas atuam em todo século XVII. Em 1790 havia 3.000 catolicos na Birmania, em Rangoon. Os religiosos são expulsos do país uma segunda vez. O vicariato Apostolico de Burma Ocidental foi erigido em 27/11/1866.

A hierarquia foi constituída em 1955. Budismo foi declarada religião oficial do Estado em 1961, mas atualmente é Estado laico. Em 1965 as escolas da igreja e os hospitais foram estatizados e são expulsos 239 missionários do país. Permaneceram os 188 padres diocesanos. Em 20 anos os católicos duplicaram o seu número.

Houve recente proibição pelo governo militar contra as igrejas e denominações evangélicas. Oitenta igrejas foram fechadas em Rangoon e 20 outras no resto do país. O papa Francisco visitou o país em dezembro de 2017.

Cardeal:

Charles Maung Bo, S.D.B., Arcebispo de Yangon, criado cardeal pelo papa Francisco em 14/02/2015. .Eleitor.

Cardeal Charles Maung Bo – Foto: VaticanNews

Bispo presente ao Concílio Vaticano I: 

Paul-Ambroise Bigandet, M.E.P. †, Bispo titular de Ramato, Vigário coadjutor Apostólico de Sion Ocidental, Burma e Tailândia; Idade: 56.3.

Bispos participantes do Concílio Vaticano II de 1962 a 1965. Hoje falecidos:

  1. Fernando Guercilena, P.I.M.E. †, Bispo de Kengtung; Idade: 64.9
  2. George Maung Kyaw †, Bispo de Bassein; Idade: 46.5
  3. John Baptist Gobbato, P.I.M.E. †, Bispo de Taunggyi; Idade: 52.3
  4. John James Howe, S.S.C.M.E. †, Bispo de Myitkyina; Idade: 52.7
  5. John Joseph U Win †, Arcebispo de  Mandalay; Idade: 62.0
  6. Sebastian U Shwe Yauk †, Bispo de Toungoo; Idade: 44.7
  7. Thomas Albert Newman, M.S. †, Bispo de Prome; Idade: 60.9
  8. Victor Bazin, M.E.P. †, Arcebispo de Rangoon; Idade: 59.6

* Perfil da Igreja Católica da República Socialista de Myanmar/Burma/Birmânia- União de Myanmar – Pyidaungzu Myanma Naingngandaw. Pesquisa para o Portal da Consolata preparada pelo Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor do departamento de Ciências Sociais da PUC-SP Email : fajr@pucsp.br    

Fontes de pesquisa: http://cardinals.fiu.edu/1873-2019-country.htmhttp://www.catholic-hierarchy.org/countryhttp://www.deepask.com/ ; https://pt.wikipedia.org/wiki/https://www.pewforum.org/data/www.vatican.va

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