Vidas a serviço da Missão

Missionários jubilares da Consolata, padres Adriano Prado, João Monteiro da Felícia, Lírio Girardi, Sabino Mariga e Vidal Moratelli celebram ordenação e consagração à Vida Religiosa.

Por Redação

Começou no dia 29 de janeiro de 2021, sexta-feira, o Biênio da Atenção à Pessoa, dos missionários da Consolata. O biênio tem o término previsto para 29 de janeiro de 2023 e foi motivado em carta enviada a todos os missionários pelo Superior Geral, padre Stefano Camerlengo.

Padre Camerlengo fundamentou a iniciativa em resposta ao convite ao XIII Capítulo Geral. Neste sentido, o XIII CG 10, reafirma que: “Nós, missionários somos o primeiro bem do Instituto e somos chamados a nos tornarmos verdadeiros discípulos de Jesus Cristo para testemunhá-lo e anunciar o seu Reino”.

Na Região do Brasil se convencionou que a festa da Fundação do Instituto (29 de janeiro) seja uma oportunidade em que os missionários e as missionárias da Consolata celebram juntos os jubilares de cada ano. Destacamos os missionários jubilares deste ano: Adriano Prado, João Monteiro da Felícia e Lírio Girardi (60 anos de Vida Religiosa): Sabino Mariga, 50 anos de ordenação sacerdotal e Vidal Moratelli, 60 anos.

Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles e como vivem sua Missão.

Adriano Prado

Padre Adriano Prado nasceu em Macatuba (SP) em 26 de julho de 1931, portanto, completa 90 anos em 2021. Filho de agricultores, trabalhou na roça até os 23 anos. Seu destino está atrelado aos Missionários da Consolata, pois tentou entrar em duas outras congregações, mas não conseguiu. Teve como exemplo o padre Dante Possamai. Ordenou-se em Turim, Itália, em 17 de dezembro de 1966 e logo em seguida foi trabalhar em Moçambique, Niassa, onde viveu por 36 anos, tendo trabalhado com os padres Vidal Moratelli e Geraldo Deretti. Lembra de dois episódios marcantes na Missão: tempos de guerra, explosão de um caminhão carregado de farinha que passou por cima de uma mina terrestre e o testemunho de um catequista que estava à beira da morte e além da unção dos enfermos, desejou receber a Eucaristia. Para padre Adriano o testemunho do catequista foi de fé. “Hoje, pregamos a pobreza e vivemos a riqueza. Os padres exageram no luxo. Deveriam manifestar mais simplicidade”, afirma. Depois de Moçambique, padre Adriano trabalhou em Salvador e Jaguarari (BA), Lençóis Paulista (SP) e desde 2008 está morando na Casa Regional dos Missionários, no Jardim São Bento, São Paulo, onde reza e atende confissões. A Missão continua! Considera uma graça de Deus o reconhecimento da santidade de José Allamano.

João Monteiro da Felícia

João da Felícia, assim conhecido na sua terra, Golpilheira, Batalha, Leiria-Fátima, Portugal, nasceu numa família católica praticante. Aos domingos tinha que ir à missa, pois, o pai controlava tudo e dizia: “quando eu chegar à igreja quero te ver lá”. Foi “pescado” pelo falecido bispo dom Aldo Mongiano enquanto semeava feijão com os pais. Em 15 de outubro de 1952 entrava no Seminário da Consolata, em Fátima. Em 2 de outubro de 1961 iniciava o noviciado na Certosa di Pesio, Itália, com um bom número de colegas. Em 17 de dezembro de 1966 foi ordenado sacerdote em Turim, Itália.

No dia 17 de dezembro de 1967 chegava à Nacala, Moçambique, depois de um mês de viagem no navio “Pátria”. A primeira experiência de missão fez na vigília de Natal, na missão de Maúa, em Moçambique, confessando os fiéis, misturando Makua, língua local com Português. Em março de 1974 estava em Erechim, (RS), Brasil, para trabalhar com os jovens seminaristas. Em 1979 estava no Seminário José Allamano, na Pedra Branca, São Paulo, para trabalhar com os jovens da Filosofia. Em 2 de outubro de 1982 chegou no Cacém, Lisboa, Portugal, para trabalhar com os jovens seminaristas que cursavam Filosofia. Em 1995 estava na Plataforma, Salvador, (BA), Brasil para uma nova experiência como pároco. Depois, Paróquia Nossa Senhora Consolata, Jardim São Bento (pároco) e Nossa Senhora de Fátima, Imirim (vigário), ambas em São Paulo. Em 2018, paróquia São Marcos Evangelista, Pedra Branca, São Paulo, como vice-pároco, onde se encontra até hoje.

“Com todas estas mudanças sou eu mesmo, o rapazinho, o moço, João de Felícia, com 83 anos, um padre missionário da Consolata em caminho, itinerante, em saída, cigano da Palavra de Deus em três continentes: África (Moçambique), Europa (Portugal) e Américas (Brasil). Celebrar 60 anos de vida consagrada é uma benção. É certamente uma proteção do Bem-aventurado José Allamano e da Consolata. No meu projeto não tinha pensado nisto. Mas no projeto de Deus já constava. Louvo o Senhor Deus, Adonai, por esta data. Um agradecimento a todas as pessoas que me ajudaram e me ajudam para que isto aconteça. A felicidade é maior do que o meu coração. Se eu pudesse voltar atrás e recomeçar tudo de novo, acredito que não teria que mudar muito, apenas aperfeiçoar muitíssimas coisas que fiz imperfeitamente por falta de conhecimento adequado naquele momento. A maturidade da pessoa vai acontecendo progressivamente em todas as dimensões”.

Lírio Girardi

A vocação missionária do padre Lírio Girardi começou com uma pequena pergunta de um grande missionário. “Você não quer ser um missionário como eu?” O padre Domingos Fiorina, imc, pároco de Rio do Oeste (SC), fez essa pergunta a uma criança, coroinha, pelos anos de 1948. Este desafio acompanhou o padre Lírio durante a infância, adolescência e juventude, até tornar-se realidade, em 2 de fevereiro de 1961, quando se consagrou a Deus, pela Missão. O sacerdócio, em 17 de dezembro de 1966, plenificou esta consagração.

Dentre os trabalhos que fizeram parte de sua vida foram os vividos em Roraima (1974-2001), que qualificaram seu ser missionário, entre os índios Macuxi e Wapixana. A identificação com a causa indígena aconteceu no dia em que sentiu sabor, com o cheiro do índio Macuxi.

Padre Lírio não tem arrependimento, pois, sua vida foi dedicada à Missão, livre e conscientemente. Segundo ele “o amor verdadeiro não se arrepende. Se algum ajuste poderia ser feito, é na intensidade. Mais zelo, diria o Allamano. Mais zelo na oração, na caridade e no serviço ao mais necessitado”. Logo após sua ordenação, padre Lírio teve oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, tanto no campo filosófico, como pedagógico e sociológico. Por cinco anos dedicou-se ao estudo, ao trabalho, como formador e à pastoral, em São Paulo. Mas foi em Roraima, que viveu sua experiência mais significativa, como religioso, sacerdote e missionário, junto aos Povos Indígenas.

Deixar a Missão de Roraima, bem no auge da luta, antes de saborear a vitória, foi o sacrifício maior que a obediência pediu ao padre Lírio. Prevaleceu a Graça. A Graça da fé na obediência foi decisiva e confessa que sentiu uma alegria profunda, quando deu seu sim, livre e consciente. Entendeu melhor o sentido bíblico de: “os pensamentos de Deus não são os vossos pensamentos”. Hoje, está pároco. A Missão continua. Enquanto pode, acompanha a caminhada indígena. A distância não mata o amor verdadeiro.

“O que importa é continuar semeando a sementinha da mostarda para a construção do Reino. O zelo, a dedicação ao Povo de Deus independem do lugar. A intensidade do amor nas pequenas coisas é o que vale. O bem precisa ser bem feito, ensina Allamano. Ajudar o povo a viver na alegria e na fé, em família, no trabalho e em Comunidade. Os dias que vivemos preocupam. A Pandemia preocupa. A humanidade está sofrendo. Nosso Brasil está sofrendo. Como gostaria que este sofrimento purificasse! Deveremos sair dessa, melhores. Dar mais valor à vida, à minha e à do outro. Conviver melhor. Mais solidariedade. Para o padre, a Comunidade é sua família. Como foi difícil viver isolado. Celebrar, sem a presença do povo. Reunir-se só virtualmente. Há esperança? Sim. No momento, as restrições continuam. Mas a vacina já começou. Menos politicagem e mais solidariedade. Começar com os mais vulneráveis”.

Padre Lírio sente uma alegria muito grande com a provável canonização de José Allamano: “a diocese de Roraima, através de dom Mário Antônio da Silva, deu importantes passos. A Comissão da Causa está caminhando. Allamano Santo. Ele já é. Viveu para isso. Mas a declaração da Igreja, para nós, é especial. Já pensou: Alamano Santo, através de um índio? Um “Ad Gentes”? Sinal dos Tempos!”, afirma.

Sabino Mariga

Padre Sabino Mariga é filho de agricultores. Nasceu em Erechim (RS) e completa 80 anos de vida em 2021, além dos 50 de ordenação sacerdotal. Quando criança, morava em uma casa com cinco famílias, com cerca de 20 crianças e a mãe cozinhava para todos. Tios e tias trabalhavam na roça. Um dia, alguns padres da Consolata foram visitar a família e o pequeno Sabino, então com 10 anos, gostou da conversa dos missionários.

Passaram-se quase três anos e o padre Joaquim Quessada perguntou a ele se queria ser padre. Padre Sabino aceitou e entrou no Seminário em 1954. Estudou em Rio do Oeste (SC) de 1958 a 1963 e foi para São Manuel (SP), onde fez o noviciado. Ordenou-se em 12 de dezembro de 1971 e trabalhou um ano em Jesuítas (PR). Depois foi para Manaus (AM), Paróquia Santa Luzia. Em 1980 trabalhou em Maturuca (RR), nas missões, e aprendeu muito, ficou por sete anos trabalhando com os indígenas Macuxi, a 300 km de Boa Vista, capital do estado. Lembra de um acidente, em que viu a roda do próprio carro sair rolando à frente e de outra ocasião em que numa descida, o freio do carro falhou e um rapaz caiu e ficou enroscado entre os dois pneus. Quando conseguiu parar, padre Sabino pensou que o rapaz estava morto, mas só havia sofrido pequenos arranhões!

Morou por oito anos em Alto Alegre (RR), de onde tem as melhores lembranças. Foi ainda pároco em São Manuel, trabalhou em Jaguarari (BA) por quatro anos, uma paróquia com 90 comunidades.
Padre Sabino está na Casa Regional desde 2013, onde continua sua Missão, sendo responsável pelas compras e alimentação dos padres.

Sobre a canonização do Fundador, padre Sabino afirma “estamos esperando por esse momento como uma Graça. É mais um santo no céu. Que ele nos proteja, nos ampare, e nos ajude a continuar na caminhada. Temos missionários e missionárias que podem ser santos, mas precisamos que o Fundador seja também. Seremos muito mais alegres e quem sabe a nossa Congregação caminhará melhor”.

Vidal Moratelli

Padre Vidal Moratelli nasceu em Rio do Oeste (SC) em 12 de janeiro de 1935. Ingressou no Seminário São Francisco Xavier no dia de São José, 19 de março de 1947. Estudou em Erechim (RS) e São Manuel (SP), onde fez a Filosofia. O noviciado foi feito em Sorocaba (SP). Ordenou-se sacerdote em 18 de março de 1961, em Turim, Itália.

Trabalhou como assistente e professor no Seminário de São Manuel, como vigário paroquial no Rio de Janeiro, e em Roraima, na Missão Surumu. Em 1965 partiu para Moçambique, onde trabalhou até abril de 1983, retornando ao Brasil. Tem lembranças muito fortes do país, principalmente durante a guerra pela independência. Depois do retorno ao Brasil, trabalhou em Curitiba (PR), Zé Doca (MA), Jaguarari e Monte Santo (BA). Atualmente está na Casa Regional dos Missionários da Consolata em São Paulo, em ritmo de espera, em função da pandemia do Coronavírus.

Parabéns aos missionários jubilares!

O Instituto Missões Consolata foi fundado pelo Bem-aventurado José Allamano aos 29 de janeiro de 1901. Allamano fundou as Missionárias da Consolata em 29 de janeiro de 1910.

A celebração dos 120 anos de fundação do Instituto se inicia com o Biênio de Atenção à Pessoa na sua integridade humana, espiritual e missionária. Inspirado na carta de São Paulo aos Filipenses, tem como tema: “Tudo sou capaz Naquele que me dá força”. (Fil 4, 13)

Fonte: Missões, a missão no plural

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