Paróquia de Engenheiro Pedreira no RJ celebra o Dia da Consciência Negra

Fotos: Pastoral Afro

A paróquia Senhor do Bonfim no município de Engenheiro Pedreira na Diocese de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, celebrou em 20 de novembro, o Dia Nacional da Consciência Negra em memória de Zumbi dos Palmares.

Por Jacques Kwangala Mboma *

A programação iniciou com a Santa Missa presidida pelo Padre Jacques Kwangala, assessor diocesano da Pastoral Afro, e foi concelebrada pelo Padre Victor Wafula, IMC, pároco local. Durante a celebração, Padre Jacques recordou as palavras de São Paulo: “Deus não faz distinção de pessoas, mas acolhe quem o teme e pratica a justiça, a qualquer nação que pertença” (At 10, 34-35).

Após a missa houve apresentações culturais, danças e serviços, confecção de pulseiras em macramê, ponto cruz, materiais recicláveis, penteado afro, exposição de trabalho de alunos da rede, cultura alimentar e produção de toucas. Apresentações do grupo Cultural Ubuntu, Energia do corpo, Awo Ayié, Senzala, Lucas Colutt, liga Japeriense de Capoeira, entre outros.

O evento contou com a presença de diversas autoridades do Município de Japeri tais como a Prefeita, Dra. Fernanda Ontiveros, o secretário de Cultura, Jorge Braga, o secretário de Esportes Turismo e Lazer, Marcelo Roberto da Silva, a secretária de educação, Caroline Machado Ontiveros, assessores do governo estadual, representes da secretaria de Assistência Social e Trabalho e da Secretaria de Saúde. Todas as secretarias presentes ofereceram à população diversos serviços. 

Zumbi dos Palmares

Zumbi foi o líder da resistência do Quilombo dos Palmares e ficou conhecido como um dos principais líderes da resistência negra à escravidão. Em vários municípios e estados o dia 20 de novembro é feriado nacional, embora muitas unidades federativas do Brasil que não reconhecem esse dia como feriado para marcar o Dia da Consciência Negra na luta contra o racismo e o preconceito.

Zumbi de Palmares viveu na região de Alagoas entre os anos de 1665 e 1695. A luta de Zumbi nos interpela quanto ao nosso compromisso diante da população negra. A população negra no Brasil sofre a exclusão socioeconômica e política. As senzalas de ontem são os guetos, favelas e periferias de hoje, com subempregos e marginalizados onde a maioria da população negra se concentra. Sem acesso as necessidades básicas de saúde, saneamento, educação, segurança.

Os negros sofrem o preconceito e discriminação, isso acontece diariamente com crianças, jovens e adultos. Em relação ao trabalho, muitos negros desempenham atividades sem registro na carteira do trabalho. Muitos trabalham na informalidade com nenhuma segurança de Lei trabalhista. Depois de 133 anos de abolição, a desigualdade, a violência e a intolerância religiosa atingem principalmente os negros. O que está por trás de tudo isso é a omissão em falar do racismo.

A luta contra o racismo

O racismo estrutural é cauda de sofrimento para os negros, pois o pensamento racista trata o outro como objeto e não como pessoa humana. O racismo não pode ser combatido sem que haja consciência de todos. O Dia da Consciência Negra nos convida todos a trabalhar juntos pela luta contra as desigualdades.

Precisamos incentivar as iniciativas voltadas à questão negra, como as políticas Públicas, educação de qualidade, cotas raciais, igualdade racial em base à Lei 10.639/2003. Os negros foram os primeiros a serem batizados neste país. Levaram esse anúncio do Evangelho em diversas regiões do Brasil, mas ainda não tem voz, porque sua cultura ainda é menosprezada pela cultura branca dominante.

A Importância Pastoral Afro

O Documento 85 da CNBB sobre a Pastoral Afro-brasileira trabalha com a questão da inculturação que ainda encontra muitas resistências na parte dos conservadores cristãos católicos. Por isso, a Pastoral Afro-brasileira tem o papel de estimular e colaborar para que o negro assuma sua negritude e lute contra o preconceito e a discriminação. Procura oferecer formação aos membros, conscientizar as pessoas sobre a luta contra o preconceito. A luz da Palavra de Deus, nós podemos anunciar uma Igreja viva e transformadora a partir da realidade própria do negro seguindo todos os Diretórios e normas da Igreja Católica. Que o Espírito Santo nos acompanhe a nossa vida para um mundo justo e igual.

* Padre Jacques Kwangala Mboma, IMC, é assessor da Pastoral Afro na Diocese de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

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