
“O estudo contemporâneo da missão mudou profundamente a teologia, a prática e a vida da Igreja.” Com estas palavras, o Irmão Gioacchino Campese, missionário scalabriniano, iniciou em 15 de setembro de 2025, sua reflexão durante o curso de formação para um grupo de missionários da Consolata que celebravam seu jubileu (25 anos de ordenação e/ou profissão religiosa).
Por Stephen Ngari e Maurice Awiti *
O missionário scalabriniano, com vasta experiência missionária nas Filipinas, Estados Unidos, México e Europa, especialmente no acompanhamento de migrantes, e atualmente professor da Universidade Urbaniana de Roma, refletiu sobre o tema “Novas tendências e fluxos missiológicos hoje”.
Da Missão da Igreja à Missão de Deus
“Hoje, a missão não é mais entendida apenas como uma atividade da Igreja (missio ecclesiae), mas como a missão do próprio Deus (missio Dei). É o Deus Trinitário que envia seu povo ao mundo para dialogar, testemunhar e renovar a vida da humanidade. Essa mudança nos convida a uma Igreja mais inclusiva, sinodal e dialogante, capaz de responder aos desafios do mundo atual, tanto no âmbito global quanto digital”, explicou o Irmão Campese.

Perguntas que Desafiam
O professor propôs duas perguntas-chave aos participantes: Como definimos a missão hoje? Quais são as novas tendências e movimentos missiológicos? “Mais do que definir”, insistiu, “trata-se de viver a missão na prática, com gestos e testemunhos concretos.”
O Impulso do Vaticano II
O Concílio Vaticano II, realizado há 60 anos, foi um ponto de inflexão que nos permite falar de um antes e um depois. Nesse sentido, antes do Vaticano II, a missão se concentrava na “salvação das almas” e na hierarquia eclesiástica. Mas, depois do Concílio, houve uma nova configuração de perspectiva: o ponto de partida não era mais a Igreja pensando em si mesma, mas no Reino de Deus, dando proeminência ao “povo de Deus – todos os batizados”. Daí surgem perguntas transformadoras: Por quê? Para quem? Com quem? Como? Perguntas que continuam a inspirar a ação missionária.
O Vaticano II e os ensinamentos subsequentes da Igreja são considerados fundamentais no chamado a uma nova consciência missionária. De forma excepcional, o Papa Francisco tem sido um grande motivador com frases como “Igreja em caminho”, “fazendo barulho” e “Igreja que espalha seu testemunho”.

Fluxos para o Século XXI
O Irmão Campese propôs dez fluxos que marcam o caminho da missão hoje. Estes, de alguma forma, marcam o caminho da mudança para que se possa encontrar um novo método de fazer missão. Alguns dos mais notáveis foram:
Da missão da Igreja à missão de Deus; da missão de poucos à missão sinodal; dos planos rígidos ao diálogo profético; da missio ad gentes à missio inter gentes e cum gentibus; da missão para muitos à missão com todos, todos, todos; do humano à missão que inclui o cuidado da nossa Casa Comum; do mundo analógico à missão também no mundo digital e virtual.

A conclusão foi clara e motivadora: “A missão é de Deus, e a Igreja, como povo de Deus, é chamada a discernir os sinais dos tempos com espírito crítico e aberto. A ordem de prioridades é reveladora: primeiro Deus, depois a missão e, por fim, a Igreja. Só assim podemos compreender o que significa ser discípulos missionários hoje.”
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Participaram do curso de formação em Roma, de 1 a 27 de setembro, 15 missionários (14 sacerdotes e um irmão) da África, América Latina e Europa
De 17 a 21 de setembro, o curso deu continuidade ao seu programa longe de Roma, na cidade de Turim, berço do nosso Instituto, onde o grupo de missionários se hospedou na Casa Mãe. Estão previstas visitas ao local de nascimento do Fundador, em Castelnuovo Don Bosco, ao Santuário da Consolata e ao túmulo de São José Allamano.
* Padres Stephen Ngari e Maurice Awiti, missionários da Consolata na Colômbia.