Morre em São Paulo, o missionário da Consolata, Padre Adriano Prado

Padre Adriano Prado durante celebração dos 60 anos de Vida Religiosa em janeiro 2021. Foto: Revista Missões

O religioso faleceu nesta quarta-feira, 19 de maio de 2021. Padre Adriano tinha 89 anos de idade dos quais 60 de Vida Religiosa e 54 de Sacerdócio. A maior parte do seu ministério o exerceu em Moçambique, África onde esteve por 38 anos.

Por Jaime C. Patias *

Padre Adriano nasceu em Macatuba (SP) em 26 de julho de 1931. Filho de agricultores, trabalhou na roça até os 23 anos. Tentou entrar em duas congregações, mas não conseguiu. O seu destino estava muito ligado aos Missionários da Consolata onde teve como exemplo o padre Dante Possamai que o animou na sua vocação.

Ingressou no seminário e após estudos de filosofia fez o Noviciado quando emitiu a sua primeira Profissão religiosa no dia 02 de fevereiro de 1961 em Aparecidinha, próximo à São Manuel (SP). Seguiu para Itália onde estudou teologia em Turim e fez a sua Profissão perpétua no dia 02 de fevereiro de 1964. Foi ordenado Diácono em 29 de junho de 1966 e ordenado Padre em 17 de dezembro do mesmo ano, sempre na cidade de Turim, berço do Instituto Missões Consolata.

Com um coração grande e generoso reservado aos evangelizadores mais ousados, partiu para a missão ad gentes em Moçambique na África tendo trabalhado com os colegas brasileiros, os padres Vidal Moratelli e Geraldo Deretti e tantos religiosos e missionárias.

Ao celebrar os 60 anos de Vida Religiosa, em janeiro deste ano, Padre Adriano lembrou de alguns episódios marcantes na missão: tempos de guerra, a explosão de um caminhão carregado de farinha ao passar por cima de uma mina terrestre e o testemunho de um catequista que estava à beira da morte e além da unção dos enfermos, desejou receber a Eucaristia.

Estes acontecimentos recordam o sofrimento do povo durante os conflitos. Contudo, o testemunho do catequista mostra a fé e a força do Evangelho na vida dos simples que se abrem para receber a sua mensagem. “Hoje, pregamos a pobreza e vivemos a riqueza. Os padres exageram no luxo. Deveriam manifestar mais simplicidade”, afirmou na altura em entrevista à Revista Missões.

Entrevista Realizada pela Revista Missões em Janeiro 2021

Em seus 38 anos de apostolado no grande Niassa no norte do país, percorreu estradas empoeiradas, atravessou rios e florestas, andou de aldeia em aldeia, de comunidade em comunidade para testemunhar o amor de Deus a todos com suas visitas, celebrações, sacramentos e proximidade. Tinha sempre uma palavra sábia que transmitia fé e confiança em Deus encorajando as pessoas a seguirem em frente, mesmo em momentos de dificuldades.

Ao regressar para o Brasil em 2004, Padre Adriano parecia ter deixado o seu coração em Moçambique, terra que amou espalhando sempre a semente do Evangelho por onde passava. As forças físicas já não eram as mesmas, mas o seu zelo missionário o levou a servir como capelão em Lençóis Paulista (SP) e na pastoral em Salvador e Jaguarari na Bahia

Desde 2011, vivia na Casa Regional dos Missionários da Consolata, no Jardim São Bento, na cidade de São Paulo, onde se dedicava à oração e atendia confissões. Calmo e centrado na sua vocação, amava a Mãe Consolata e rezava a Deus pelo reconhecimento da santidade do Fundador, o Bem-aventurado José Allamano.

Internado em um Hospital de São Paulo para se tratar da Covid-19 não resistiu às complicações impostas pelo vírus vindo a falecer nesta quarta-feira, 19 de maio.

Agradecemos a Deus pelo dom da vida e a fidelidade do Padre Adriano, especialmente pela sua generosidade na missão em Moçambique na África onde esteve por 38 anos. Com fé na Ressurreição, imploramos sobre ele a misericórdia de Deus. Descanse em paz e brilhe para ele a luz eterna.  

Atividades na Missão

1968 – 1969: Vigário Paroquial em Maúa – Moçambique

1969 – 1970: Encarregado da Missão Mecanhelas

1970 – 1975: Vigário Paroquial e Superior em Marrupa

1975 – 1976: Vigário Paroquial em Maiaca

1976 – 1981: Superior na comunidade de Marrupa

1981 – 1982: Curso de atualização na Itália

1982 – 1982: Vigário Paroquial em Mecanhelas – Moçambique

1982 – 1984: Vigário Paroquial de Marrupa

1984 – 1989: Superior da comunidade de Mecanhelas

1989 – 1989: Ecônomo em Maúa

1989 – 1993: Vigário Paroquial em Maúa

1993 – 1994: Pároco na Paróquia de Marrupa

1994 – 1996: Atividades Pastorais em Maúa

1996 – 2004: Atividades Pastorais em Cuamba

Regressa ao Brasil após 48 anos de missão em Moçambique.

2004 – 2006: Casa de Repouso em Lençóis Paulista – Brasil

2006 – 2007: Casa Regional IMC em São Paulo

2007 – 2009: Serviços pastorais em Jaguarari – Bahia

2009 – 2010: Casa Regional em São Paulo

2010 – 2011: Serviços pastorais em Monte Santo – Bahia

Desde 2011 vivia na Casa Regional IMC em São Paulo.

* Padre Jaime C. Patias, IMC, é Conselheiro Geral para América.

Conteúdo Relacionado