Nadia De Munari, 50 anos, natural de Vicenza que trabalhava com menores carentes na Operação Mato Grosso, morreu no hospital após ter sido atacada enquanto dormia. A notícia é do site Chiesa di Milano.
“Estou chocado com o que aconteceu a esta mulher muito nobre, ainda não consigo entender como um assassinato como este pode acontecer. Neste momento, lembro-me da minha visita a Vicenza, onde estive para me encontrar com o Padre Francesco Strazzari. Úno-me em tristeza à terra de Vicenza e ao vosso país”.
A declaração do Arcebispo Carlos Castillo Mattasoglio vem de Lima, a capital do Peru, à Agência Sir, comentando a dramática morte de Nadia De Munari, missionária leiga de Vicenza que morreu aos 50 anos num hospital em Lima no sábado, 24 de abril, depois de ter sido atacada e gravemente ferida enquanto dormia em Nuevo Chimbote, um centro populoso ao sul de Nuevo Chimbote, na região norte de Ancash. A missionária trabalhava no centro “Mamma Mia”, que ajuda os menores carentes, e cuidava de seis jardins de infância e de uma escola primária como parte das atividades da Operação Mato Grosso, o movimento missionário fundado pelo Padre salesiano, Ugo De Censi.
Originária de Schio, Nadia De Munari viveu no Peru durante 26 anos. O ataque, cujas causas ainda não foram esclarecidas, teve lugar de forma brutal e inexplicável, considerando que todos queriam bem à missionário.
O seu estado era grave sendo transferida para a capital onde foi submetida a uma delicada cirurgia numa tentativa de salvar a sua vida. As investigações estão em curso. Inicialmente partiu-se do princípio de que se tratava de um roubo. Em entrevista, a sua prima, Katia De Munari, vice-prefeita de Schio, disse que não acreditava nesta versão e apelou à justiça.
“O bispo, toda a diocese de Vicenza e todos os missionários vicentinos em todo o mundo juntam-se à dor da família De Munari, dos amigos da Omg e da comunidade cristã de Giavenale, um distrito de Schio, pela perda da sua amada Nadia”, diz o site da diocese de Vicenza, dando a conhecer as condolências do bispo, Monsenhor Beniamino Pizziol.
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, também falou da morte de Nadia De Munari, escrevendo no seu perfil no Facebook: “Esta é uma notícia verdadeiramente terrível. A minha simpatia vai para a sua família e para a comunidade que Nadia liderou com tanta generosidade, entusiasmo e paixão”.
“Muitos de nós consideramo-nos suas filhas”
É assim que Cristiano Morsolin, especialista em direitos humanos de Bogotá (Colômbia) e de Valdagno, Vicenza, a recorda: “Nadia De Munari partiu para a missão no Equador em 1994 e a partir de 1995 mudou-se para o Peru, trabalhando como missionária leiga na Operação Mato Grosso, fundada pelo salesiano, Padre Ugo De Censi, que foi abençoado pelo Papa Francisco durante a sua visita ao Peru em 2018, poucos meses antes da sua morte. Nadia cuidou de 500 crianças pobres dos orfanatos das favelas de Nuevo Chimbote. Conheci-a em 1992, nos campos de trabalho Omg na zona de Vicenza, em colaboração com a diocese de Vicenza. Lembro-me que falámos do martírio e da escolha de fé de Giulio Rocca, morto pelos guerrilheiros Sendero Luminoso em 1991. Nadia foi morta pela mesma escolha de amor e fé pelos pobres feita por Giulio Rocca e o Padre Daniele Badiali, mortos em 1997, nos Andes peruanos. Ela é o rosto missionário do compromisso da diocese de Vicenza”.
Agência Sir também recebeu testemunhos de Nuevo Chimbote. Ita Guerrero reconhece em Nadia uma mãe que a acolheu. “Sentimos tanta dor pelo que aconteceu. Muitos de nós consideramo-nos ‘filhas’ de Nadia. Ela deu toda a sua juventude, chegou aos 24 anos, à missão do Padre Ugo De Censi. Tudo o que ela tem feito é ajudar os pobres. O povo de Nuevo Chimbote deveria ser grato por esta ajuda, ajudar na investigação deste crime, para que este grande mal não continue”.
Azucena Beltrán Cisneros, amiga de Nadia em Nuevo Chimbote, acrescentou, dirigindo-se à missionária: “Querida Nadia, querida lutadora pela educação dos nossos filhos, nos ensinaste que a simplicidade, a humildade e a solidariedade nascem do coração quando se sabe cultivá-los. Descanse em paz”.
Fonte: www.chiesadimilano.it