Formação: motivação e afetividade

O grupo de formadores reunidos em Roma para o curso de formação permanente tiveram a oportunidade de debater algumas questões muito presentes nas comunidades religiosas, à exemplo da motivação e da afetividade.

Por José Martín Serna *

O estudo foi conduzido pelo missionário da Consolata, padre Renzo Marcolongo, psicólogo com anos de experiência nas missões da RD Congo, Colômbia e Inglaterra, onde foi formador e professor. Atualmente, faz parte da equipa de formação do seminário teológico de Bravetta, em Roma.

Padre Renzo iniciou sua reflexão dizendo que a motivação é importante para compreender a nossa vocação. “A motivação é uma força que nos empurra para a frente, para dar direção à vida, e quando as coisas vão mal, ela nos sustenta”.

Em seguida, como exercício prático, convidou os formadores a escreverem numa folha as motivações que os tinham levado a ser missionários da Consolata e as motivações que os mantêm atualmente na Congregação. O objetivo do exercício era mostrar como as motivações iniciais mudam com o passar dos anos. Isto deve-se a acontecimentos pessoais, sociais, políticos, culturais, encontros com pessoas diferentes e leituras.

Numa entrevista ao Secretariado para a Comunicação, no final do encontro, padre Renzo Marcolongo destacou os dois aspectos temáticos do seu relatório: motivação e afetividade. (Vídeo em italiano)

O que é a motivação?

Do latim: ‘motus‘ = movimento. “Mover-se em direção a algo considerado importante”, explicou o Padre Marcolongo. “A importância é dada pela necessidade percebida como estruturante. É sempre a expressão de uma necessidade a satisfazer e deve produzir prazer”. Temos as motivações primárias, que têm como função a satisfação das necessidades primárias, como a fome, a sede, o sono, etc.; e as motivações secundárias, aprendidas no contexto e no ambiente da vida: a necessidade de estar ligado a alguém ou a alguma coisa; o sentimento de transcendência, de autorrealização, de estima, de pertença ou de segurança.

Padre Renzo observou que “sem motivação não vamos a lugar nenhum, e sem a motivação certa provavelmente nunca começaremos nada de importante e significativo para nós, nunca tomaremos uma decisão, nunca implementaremos uma mudança necessária”.

Afetividade

Sobre a afetividade, padre Renzo recordou do latim: ‘ad ficere’ = um movimento em direção a algo, a alguém, a que me quero ligar ou prender. “Assim, a afetividade é a capacidade de perceber uma atração por uma coisa, uma pessoa, um valor, um ideal, com a intenção de o assumir, de o tornar meu”. Segundo o assessor, “é muito importante para um processo afetivo ‘normal’ conhecer-se a si próprio e saber integrar a sua sexualidade. Vivê-la sem ansiedade ou grandes problemas, viver a vida em pleno”.

Partindo deste tema, padre Renzo falou também de individualismo, maturidade humana; sexualidade e gênero; formas de sexualidade; sexo biológico; identidade sexual; tentação do desejo, expressão do gênero, etc. Estas questões fazem parte dos temas em debate no programa do curso de formação permanente para formadores nas etapas do noviciado, teologia e especialização que acontece em Roma de 2 a 17 de setembro de 2024.

* Padre José Martín Serna, IMC, mestre de noviços em Manaus, Brasil.

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