Depois de vários meses de mudança, prolongada pela pandemia de Covid-19, que obrigou a realizar o trabalho desde casa, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) está inaugurando sua nova sede em Manaus (AM) que foi abençoada no último dia 29 de maio.
Por Luis Miguel Modino *
A Secretaria Executiva, que até final de 2020 tinha sua sede em Quito (Equador), atualmente está formada pelo Irmão João Gutemberg Sampaio, secretário, Rodrigo Fadul, vice-secretário, Lidiane Cristo, Diego Aguiar e o Padre Júlio Caldeira.
O novo espaço foi abençoado pelo arcebispo de Manaus, que acolheu a nova equipe, que foi se apresentando a Dom Leonardo Steiner, relatando as funções que cada um deles assume na secretaria e no acompanhamento dos diferentes eixos. Tem sido também um momento para fazer memória do caminho percorrido desde 2014 e de trazer presentes os povos do território amazônico.
O presidente da REAPAM, cardeal Pedro Barreto enviou uma mensagem onde agradeceu a Dom Leonardo pela gentileza de abençoar o escritório da REPAM, cumprimentando toda a Equipe da nova Secretaria Executiva. Segundo o cardeal Barreto, estar em Manaus, “nos abre à possibilidade de olhar com esperança o futuro próximo, não só da REPAM, também da Conferencia Eclesial da Amazônia (CEAMA), da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, e proximamente toda a preparação do Sínodo sobre a sinodalidade, que será em 2023”.
Em suas palavras, o cardeal peruano agradeceu a toda a equipe, “não só por realizar um serviço, mas também pelo aporte significativo para a Amazônia e para toda a Igreja universal”, afirmando que “estamos num momento muito importante”.
Esteve presente ainda, a Irmã Carmelita Conceição, conselheira da REPAM que participou do Sínodo para a Amazônia. A religiosa salesiana vê o momento atual como oportunidade para “concretizar o que a gente sonhou no Sínodo. É como se a REPAM tivesse ficado adulta”, disse ela insistindo na necessidade de cuidar da planta que nasceu e cresceu ao longo de quase sete anos. Irmã Carmelita falava do nascimento da CEAMA “como se uma fecundidade fosse se multiplicando, criando, descobrindo outras formas de realizar esse sonho que foi a REPAM”.
“A gente se sente irmão dos outros países, porque estamos no mesmo barco, estamos sofrendo as mesmas situações e estamos juntos lutando”. Acima das possíveis diferenças entre os países, “hoje há uma questão forte que nos une, que é a questão da luta pela vida, a luta pela libertação, lutar juntos contra a situação. A REPAM está chegando num momento de plenitude, de fecundidade, de maturidade”, avaliou Irmão Carmelita.
Dom Leonardo Steiner lembrou de alguns passos que antecedem o nascimento da REPAM, encontros em nível pan-amazônico onde foi surgindo a necessidade de criar “um organismo que pudesse aglutinar as experiências riquíssimas em relação aos povos indígenas, à assistência social tentando assim criar uma rede de partilha”. Com a criação da Comissão para a Amazônia pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tudo isso foi avançando e resultou na criação da REPAM.
O arcebispo de Manaus, que acolheu a nova sede da REPAM e mostrou o apoio não só da arquidiocese como de todos os bispos do Regional Norte 1 da CNBB, falou da necessidade de “cuidar para que não se torne um organismo que seja apenas organizativo, mas de animação”. Junto com isso, o fato de ter vindo para Manaus, leva Dom Leonardo a ver a necessidade de cuidar para “envolva os outros países”.
Numa perspectiva de fomentar a reflexão teológica, o arcebispo de Manaus vê como algo positivo o fato de que a REPAM estar ligada ao Instituto de Teologia, Pastoral e Ensino Superior da Amazônia (ITEPES), ajudando a academia na produção de material que auxilie na reflexão a partir da Igreja que está na Amazônia.
Dom Leonardo Steiner vê a necessidade de trabalhar em rede para enfrentar “o que o governo está fazendo em relação aos povos indígenas, em relação ao meio ambiente”. Ele insistia em que “nossa tarefa é também educativa, educação no sentido de despertar”. Por isso faz um chamado a “trabalhar juntos e buscar sempre o melhor”.
* Padre Luis Miguel Modino é assessor de imprensa da CNBB Norte 1 e do CELAM.
