Dom Giovanni Crippa: Ser um bispo missionário na Igreja local

Dom Giovanni Crippa na Casa Geral IMC em Roma. Foto: Adolphe Mulengezi

“O grande desafio é fazer com que a minha diocese, apesar da sua pobreza e pequenez, possa abrir-se à missão universal”, afirma dom Giovanni Crippa, IMC, bispo da diocese de Ilhéus na Bahia.

Por Jaime C. Patias *

Na entrevista concedida ao Secretariado Geral de Comunicação (SGC) em Roma, o missionário italiano da Consolata de Besana Brianza, Arquidiocese Metropolitana de Milão, fala da evangelização no Brasil, onde chegou em 2000, e das prioridades pastorais na sua diocese, que tem uma área de quase 12 mil quilômetros quadrados, incluindo 26 municípios, com 41 paróquias e 52 sacerdotes, 12 diáconos permanentes e 9 seminaristas. “No entanto, a grande força é o grande número de leigos comprometidos, sobretudo na catequese e nas diversas pastorais das paróquias”, afirma o bispo.

A sede do bispado é a cidade de Ilhéus, onde se encontra a catedral de São Sebastião. De acordo com dom Giovanni Crippa, as três prioridades pastorais escolhidas pela Assembleia diocesana à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mas também a partir dos resultados do Sínodo em sua fase diocesana, são: A animação da juventude, a vivência do espírito sinodal neste Ano de Oração e a dimensão vocacional.

Visita pastoral a uma comunidade quilombola na diocese de Estância, Sergipe. Foto: Diocese de Estância

“Hoje em dia, já não é possível viver numa Igreja centralizada, temos de viver numa dimensão mais pequena, a partir das bases, mas que deve ganhar uma dimensão mais alargada ao longo do tempo”, observou o bispo, sublinhando a vocação missionária da Igreja local.

“Como bispo missionário, creio que há também um elemento muito importante que não podemos esquecer. O nosso Instituto nasceu da Igreja local, a Igreja de Turim, e é bom recordar o que o padre José Allamano disse escrevendo a um amigo cerca de 20 anos antes de fundar o Instituto (em 1901). ‘Espero que o próximo bispo a ser eleito seja uma pessoa que saiba ultrapassar as ideias restritivas que prevalecem no ambiente e saiba compreender que o padre de uma Igreja local tem uma missão mais vasta”.

Penso que, como bispo missionário que vive numa Igreja local, o grande desafio é fazer com que a minha diocese, apesar da sua pobreza e pequenez, possa abrir-se a esta missão universal. Por isso, é importante promover esta vocação missionária da Igreja também na nossa diocese”, conclui dom Crippa.

Assista ao Vídeo da entrevista com dom Crippa concedida ao SGC em italiano. (Produção: Ir. Adolphe Mulengezi)
Breve biografia

Dom Giovanni Crippa, IMC, nascido a 6 de outubro de 1958 em Besana Brianza, na Arquidiocese Metropolitana de Milão, é um dos 38 bispos italianos no Brasil (dos quais 28 eméritos). Estudou Filosofia na Federação Inter-religiosa de Estudos Teológicos (FIST), em Turim, e Teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, onde obteve posteriormente a Licenciatura e o Doutoramento em História da Igreja.

A 13 de setembro de 1981 fez a sua Profissão Religiosa no Instituto Missões da Consolata e foi ordenado sacerdote a 14 de setembro de 1985. Foi Animador Missionário e Vocacional em Turim (1987-1993); Professor na Faculdade de Missiologia da Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma e no Instituto Superior de Catequese e Espiritualidade Missionária de Roma e Castel Gandolfo (1993-2000).

Enviado ao Brasil no ano 2000, exerceu o seu ministério na Arquidiocese de Feira de Santana, na Bahia, como vigário paroquial e pároco da Santíssima Trindade, depois como professor de História Eclesiástica na Faculdade Arquidiocesana, diretor espiritual do Seminário de Filosofia, membro do Conselho Presbiteral e do Colégio dos Consultores. Foi também membro do grupo de coordenação do Departamento Histórico do Instituto Missões Consolata e Conselheiro Regional no Brasil.

Dom Giovanni Crippa na sua consagração episcopal, em 13 de maio de 2012, Salvador, Bahia. Foto: Arquivo pessoal

A 21 de março de 2012, o Papa Bento XVI o nomeou bispo auxiliar da arquidiocese de São Salvador da Bahia atribuindo-lhe o bispado titular de Áccia. Recebendo a consagração episcopal a 13 de maio de 2012. A 9 de julho de 2014, foi nomeado Bispo de Estância, no Estado de Sergipe, uma diocese com uma área de 6.650 km2 e uma população de 509.675 habitantes, 28 paróquias, 617 comunidades e 41 sacerdotes.

A 11 de agosto de 2021, o bispo da Diocese de Ilhéus, dom Mauro Montagnoli renunciou por limite de idade canônica e, em seu lugar, o Papa Francisco nomeou dom Giovanni Crippa que tomou posse da diocese a 9 de outubro de 2021, durante uma celebração eucarística na Catedral de São Sebastião. A Diocese de Ilhéus foi criada em 1913 pelo Papa Pio X e hoje, com suas 41 paróquias, compreende mais de 750 comunidades espalhadas por 27 municípios.

O Superior da Casa Geral IMC, padre Zé Martins, dom Crippa e dom Marian Florczyk, bispo auxiliar de Kielce, Polonia. Foto: Jaime C. Patias

No âmbito da CNBB, dom Crippa foi Membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e da Comissão Episcopal para as Causas dos Santos no Brasil.

*Padre Jaime C. Patias, IMC, Comunicação Geral.

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