
Encontro no Vaticano celebra os 10 anos da Laudato si’ e propõe compromissos concretos diante da emergência climática
Por Redação
A conferência internacional “Espalhando Esperança” (Raising Hope) teve início nesta quarta-feira, 1º de outubro de 2025, em Castel Gandolfo, reunindo líderes políticos, religiosos, acadêmicos, cientistas e representantes da sociedade civil para debater os desafios da crise climática e suas repercussões sociais. O encontro celebra os dez anos da encíclica Laudato si’ e segue até o dia 3, com debates, painéis e compromissos globais em defesa da ecologia integral.
Na abertura, o Papa Leão XIV defendeu que o cuidado com a criação exige mais do que discursos: “Não se pode amar o Deus que não se vê desprezando suas criaturas”, afirmou, convocando a humanidade a uma verdadeira “conversão ecológica”. O Pontífice recordou ainda o apelo de seu predecessor, Papa Francisco, por um desenvolvimento sustentável que una justiça social, ecologia integral e paz. Durante a cerimônia, abençoou um fragmento de gelo de 20 mil anos retirado da Groenlândia, apresentado como símbolo da urgência climática.
Entre os destaques da programação, a ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, relacionou o aniversário da encíclica ao Acordo de Paris, lembrando que “é incoerente dizer que amamos o Criador e destruímos a criação”. Ela reforçou a necessidade de uma transição energética justa e convidou o Papa a participar da COP30, que será realizada em Belém, em 2026.
O ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, ressaltou que energia limpa e prosperidade podem caminhar juntas. Ele lembrou que, durante sua gestão, reduziu em 25% as emissões de carbono sem comprometer o crescimento econômico do estado norte-americano: “A energia limpa não é inimiga da prosperidade, mas motor do crescimento”.
O arcebispo de Porto Alegre, cardeal Jaime Spengler, mencionou os desastres ambientais no Brasil para ilustrar os impactos desiguais da crise: “Os fenômenos extremos são expressões de uma doença silenciosa que afeta a todos, especialmente os mais pobres”.
A irmã Alessandra Smerilli, do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, destacou que o evento também aborda desigualdades sociais, migrações forçadas, perda de biodiversidade e conflitos ambientais. Ela apresentou o plano Laudato si’ 10, que prevê metas concretas de ação.
Já o ministro do Interior e das Mudanças Climáticas de Tuvalu, país insular ameaçado pela elevação do nível do mar, alertou que “nossa própria identidade está em perigo”, referindo-se à possibilidade de perda do território, da cultura e das tradições de seu povo.
Organizada pelo Movimento Laudato si’ em parceria com o Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, Caritas Internationalis, CIDSE, UISG, Movimento dos Focolares e a Ecclesial Networks Alliance, a conferência reúne mais de mil participantes de 115 países. A expectativa é que o encontro resulte em compromissos globais por justiça climática e social.
Com informações de Vatican News.