Assembleia Regional reflete sobre presença profética em Moçambique

Participantes na Assembleia com Dom Inácio Saure em Lichinga. Fotos: IMC Moçambique

Reunidos na cidade de Lichinga, norte de Moçambique, os missionários da Consolata da Região Moçambique – Angola realizam a sua Assembleia Regional à luz da celebração dos 100 anos da presença profética do Instituto em solo moçambicano (1925 – 2025).

Por Justus Pius Adeka e padre Dani Romero *

“Presença profética: à luz dos 100 anos, fazer memória da nossa história em Moçambique e os desafios da missão hoje” é o tema central a iluminar os trabalhos.

Dom Inácio Saure, IMC

Nos dias 13 e 14 de junho, a Assembleia contou com momentos de formação permanente, orientados pelo arcebispo de Nampula e Presidente da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), dom Inácio Saure, IMC. O bispo partilhou a alegria de participar do encontro, afirmando: “Durante estes dias, desfruto da alegria de estar em família.” E acrescentou: “Este tempo deve ser uma oportunidade de partilha de experiências vividas. Dialoguemos familiarmente.”

Durante a formação, foram abordados quatro subtemas centrais que marcaram os 100 anos de missão e indicaram caminhos para o futuro:

100 anos de missão e de uma vida simples num mundo complexo

Foi recordada a aventura dos primeiros seis missionários que chegaram a Moçambique em 1925 estabeleceram-se na Missão de São Pedro Claver de Miruro, na atual diocese de Tete. Em 1926, alargaram a sua presença ao Niassa, fundando dois anos depois a Missão de Nossa Senhora da Consolata de Massangulo. A partir de 1938, foram fundadas as missões de Mepanhira, Mitúcue (1939), Maúa (1940), Lichinga (1945), Maiaca (1947), Cóbue (1950), Nsinje (1960), Metangula (1962), Cuamba (1962), Etatara (1962), Marrupa (1965), Majune (1965), Mecanhelas (1966), Mitande (1966), Nipepe (1967) e já mais recentemente, em 2002, Entre-Lagos e Metarica.

Em 1946, os missionários da Consolata entraram no Sul do Save, na atual diocese de Inhambane e fundaram as missões de Massinga (1946), Nova Mambone (1946), Mapinhane (1947) e Maimelane (1948). Nos anos 60 surgem as missões de Muvamba (1960), Vilanculos (1966) e Funhalouro (1967) e em 1973 a Missão e o Centro Catequético do Guiúa.

Na arquidiocese de Maputo, começaram a sua atividade missionária em 1948 ao assumirem o cuidado pastoral da Missão de Liqueleva. Em seguida, fundaram as paróquias de Matola (1951), Machava (1956), Boane (1963), Infulene (1972) e assumiram as Paróquias de Liberdade (1982) e Mártires do Uganda (2010). Nos anos 90 inauguraram o Seminário Filosófico na Matola e o Noviciado de Laulane.

Padre Fernando Chissano, missionario em Luacano, Angola

Na arquidiocese de Nampula, os missionários começaram a trabalhar em 1983 no seminário interdiocesano de Nampula e em 1992 inauguraram o seminário Médio da Consolata, assumindo em seguida as paróquias de Santa Maria e de Nossa Senhora da Paz. Em 2011, regressaram a Tete e, em 2014 assumiram os trabalhos da Paróquia de Nossa Senhora da Consolata de Fingoè e no ano 2020 a Paróquia Sagrado Coração de Jesus de Uncanha.

Ao longo dos anos, os missionários da Consolata deixaram a grande maioria dessas missões. A semente foi laçada e produziu os seus frutos de evangelização. Dom Inácio alertou: “Sem história, somos analfabetos do presente. Compreender o passado é a única forma de viver com paixão o presente e projetar com realismo o futuro.”

O desafio do “árduo nós” da missão

Inspirado em Dom Pedro Casaldáliga, destacou-se o valor da vida comunitária diante de três grandes desafios: o difícil “eu”, o difícil “outro” e o árduo “nós” da comunhão. Numa região marcada por várias culturas e nacionalidades, foi reforçada a importância da fraternidade missionária como testemunho evangélico: “Nisso reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros (Jo 13, 35).”

A santidade não rima com mundanidade e mediocridade

A santidade foi apresentada como meta concreta da vida missionária. “Primeiro santo, depois missionário”, dizia o fundador São José Allamano. Foi feito um apelo à autenticidade vocacional e à superação das tentações da corrupção e do comodismo, desafios reais em contextos como Moçambique e Angola.

Uma vida simples num mundo complexo

A simplicidade missionária foi apresentada como elemento essencial para uma presença profética. Em tempos de excesso e complexidade, ser sinal de consolação exige despojamento e coerência evangélica.

Além da formação, a Assembleia foi marcada por momentos fortes de espiritualidade, como a celebração da Eucaristia, a Novena de Nossa Senhora da Consolata, padroeira do Instituto, e momentos de convivência fraterna e trabalhos em equipe.

Neste domingo, Solenidade da Santíssima Trindade, os missionários visitaram diversas comunidades de Lichinga onde colaborando na animação pastoral e nas celebrações. A Assembleia foi retomada na segunda-feira, 16 de junho, com a partilha dos relatórios das zonas missionárias e a avaliação das diversas realidades em Moçambique e Angola. No dia 19 acontece a eleição da nova Direção Regional para o triênio 2025-2028.

No marco do centenário, a Assembleia Regional reafirma o compromisso dos missionários da Consolata com a missão ad gentes e a fidelidade criativa ao carisma herdado de São José Allamano, respondendo aos desafios de hoje com esperança, comunhão e presença profética.

* Padre Justus Pius Adeka e padre Dani Romero, Equipe de Comunicação IMC Moçambique.

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