“O mundo está em constante mudança e não sabemos o que virá a seguir. Está em constante processo de metamorfose, que traz consigo desafios constantes.” Com estas palavras, o padre Fabio Pasqualetti, decano da Faculdade de Ciências da Comunicação Social da Pontifícia Universidade Salesiana, introduziu sua reflexão sobre a “Evangelização na Era da Inteligência Artificial (IA): Desafios e Oportunidades”.
Por Charles Gachara Munyu *
O tema fez parte da programação da última semana do curso de formação permanente para um grupo de missionários da Consolata, realizado na Casa Geral em Roma, durante o mês de setembro 2025.
“Estamos no mundo digital e precisamos aprender a administrar sua complexidade”, observou o padre Pasqualetti. A Igreja tem a oportunidade de usar a tecnologia moderna e a mídia contemporânea para alcançar um público secularizado e moderno, mantendo-se fiel à mensagem do Evangelho. Ao mesmo tempo, tem a responsabilidade de estabelecer um “senso de limites” no uso de instrumentos tão poderosos, para que o progresso tecnológico não diminua a capacidade de reflexão e discernimento da humanidade.
Falando sobre o uso e a dependência da tecnologia, o padre Pasqualetti enfatizou: “Tudo o que é feito por uma máquina e não por mim é algo que eu perco. Mas a máquina nunca poderá substituir a pessoa humana. A verdadeira inteligência”, argumentou, “está na integração da mente, do coração e da ação corajosa. O desafio atual para a Igreja não é tanto a comunicação ou o conteúdo, mas sim os meios utilizados e a preservação de sua identidade. Isso nos obriga a nos perguntar: o que significa viver e ser cristão no mundo de hoje?”
Administração Geral
Outro tema de reflexão abordado pelos 15 missionários participantes do curso foi a administração no Instituto. O Administrador Geral, padre Fredrick Agalo, apresentou um resumo da missão da Administração Geral, recordando as Constituições:
“Os Secretariados Gerais são órgãos consultivos e executivos confiados à responsabilidade de um Direto, para a promoção das atividades do Instituto. Estudam a situação e os problemas referentes ao seu setor, fazem propostas de programação e, após a aprovação da Direção Geral, orientam a sua execução. Mantêm contatos com os respectivos Secretariados das Circunscrições, dinamizando e coordenando as suas atividades” (Const. 131).
Segundo o padre Agalo, os documentos oficiais do Instituto sobre economia enfatizam valores fundamentais: “transparência, moderação, solidariedade e um fundo comum. Eles insistem que a formação econômica deve começar desde o início e continuar durante todo o processo de formação. Essa formação visa moldar nosso estilo de vida e incentivar um uso mais responsável do dinheiro e dos recursos.”
Em nossa experiência de vida consagrada, para aqueles que seguem Jesus, a dimensão econômica é de particular importância. “Ela influencia as escolhas fundamentais da vida, escolhas que devem refletir o voto de pobreza que professamos e um estilo de vida modesto e fraterno, vivido em solidariedade”, observou padre Agalo.
Gestão de Projetos
Intimamente ligada à Administração está a responsabilidade de desenvolver projetos e identificar meios de apoio financeiro. A Dra. Chiara Giovetti, coordenadora da Fundação Missões Consolata Onlus, apresentou os serviços da fundação, uma organização sem fins lucrativos do Instituto. Sua missão é fornecer aos missionários da Consolata em todo o mundo orientação e assistência para obter financiamento de doadores para iniciativas e projetos de desenvolvimento. No Instituto, a evangelização e a promoção humana andam de mãos dadas, mas precisamos coordenar e organizar nossas ações em todas as áreas.
Postulação
“”A celebração da canonização do nosso Fundador, São José Allamano, em 20 de outubro de 2024, concluiu um longo processo iniciado em 1944, após a decisão do Capítulo Geral de 1939 de iniciar a causa de beatificação”, recordou o padre Jonah M. Makau em sua apresentação sobre a Postulação, do qual é coordenador. Segundo o Artigo 132 das Constituições, Postulação é responsável por promover as causas de santidade dentro do Instituto.
Os missionários são convidados “a auxiliar a Direção Geral na identificação, nas diversas partes do mundo onde servimos, daqueles que viveram heroicamente sua vocação missionária”, a fim de iniciar os processos canônicos exigidos pela Igreja. Essa tarefa requer o envolvimento dos missionários na motivação dos fiéis e no fornecimento de informações precisas. Portanto, o trabalho da Postulação está intimamente ligado à história e à preservação da memória.
Secretariado Histórico
O padre Ashenafi Yonas, missionário da Consolata que estuda História da Igreja na Universidade Gregoriana de Roma, apresentou o trabalho do secretariado Histórico: “A verdadeira memória não é estática; é dinâmica e viva”. A história é uma lente que nos permite compreender a nossa realidade presente. O passado não é simplesmente algo que já não existe; pelo contrário, é um recurso para o discernimento. Estudar história significa olhar para dentro de nós mesmos: redescobrir quem somos, o que herdamos e o futuro que estamos construindo juntos.
“Recuperar o patrimônio da memória é essencial para que os missionários da Consolata permaneçam fiéis, vitais e unidos em sua vocação”. Com estas palavras, concluiu, convidando os participantes no curso a viverem o seu carisma com autenticidade e renovado compromisso.
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Além destes temas, a programação do curso prevê partilha de experiências sobre as diversas frentes da missão e sobre a organização do Instituto nos países onde os 15 missionários trabalham na África, América Latina e Europa.
* Padre Charles Gachara Munyu, IMC, missionário na Venezuela.
